BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A CPI do 8 de janeiro aprovou nesta quinta-feira (3) a convocação de Walter Delgatti Neto, conhecido como o hacker da “Vaza Jato”.
Delgatti foi preso novamente nesta quarta (2) suspeito de tramar, a pedido da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), contra o ministro Alexandre de Moraes do STF (Supremo Tribunal Federal).
Em 27 de junho, quando a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão sobre o caso, Delgatti confessou que invadiu os sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e inseriu um mandado de prisão falso contra Moraes assinado pelo próprio ministro.
O hacker também disse que recebeu um pedido de Zambelli no ano passado para invadir uma urna eletrônica “ou qualquer sistema da Justiça Brasileira”. Delgatti admitiu que efetivamente tentou várias vezes, mas não conseguiu.
Segundo ele, o objetivo era demonstrar a fragilidade do sistema judicial do país. À época, o então presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Zambelli, promovia uma cruzada contra o sistema de votação e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmando não ser seguro nem transparente.
O hacker famoso por ter invadido contas de Telegram de procuradores da Lava Jato teve encontros em agosto de 2022 com integrantes da campanha e aliados de Bolsonaro.
Na época, a revista Veja revelou que houve um encontro entre Delgatti e o próprio Bolsonaro. O objetivo da reunião, segundo a revista, foi tentar engajar o hacker na cruzada do então presidente contra as urnas eletrônicas.
Delgatti confirmou a versão e disse aos investigadores ter se encontrado com o ex-mandatário. Segundo ele, o então presidente perguntou se ele conseguiria invadir o sistema das urnas eletrônicas.
Também no ano passado, interlocutores disseram à Folha de S.Paulo que Delgatti se reuniu com Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Segundo aliados do dirigente partidário, o encontro foi intermediado por Zambelli.
Dados de transações financeiras entregues à Polícia Federal por Delgatti mostram que pessoas próximas à deputada repassaram R$ 13,5 mil ao hacker.
A deputada afirmou na quarta que ficou surpresa com a operação da PF e que estava à disposição do Judiciário para esclarecimentos. Ela também disse considerar que há uma tentativa de atingir o ex-presidente Bolsonaro por meio do caso.
“Não participaria de uma piada de mau gosto com o Alexandre de Moraes. Eu sei o que pode acontecer com um deputado que brinca com ministros do Supremo Tribunal Federal, haja visto nosso amigo Daniel Silveira”, disse, em referência ao ex-deputado preso.
THAÍSA OLIVEIRA / Folhapress