BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Americanas, deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), solicitou a condução coercitiva do ex-diretor da varejista Márcio Cruz Meirelles, após ele não comparecer à sessão desta terça (8).
Com a ausência de Meirelles, o único representante da antiga cúpula da Americanas na sessão foi o ex-diretor de Lojas Físicas, Logística e Tecnologia José Timotheo de Barros. Ele obteve um habeas corpus e não respondeu aos questionamentos dos parlamentares.
Na sua fala inicial, Barros autorizou o compartilhamento com a CPI dos depoimentos feitos pelo ex-executivo à PF (Polícia Federal) e à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e se declarou inocente. “Jamais participei de fraude alguma ou me omiti diante de fatos ilícitos”, disse.
A presença de Barros na CPI foi solicitada após o atual CEO da companhia, Leonardo Coelho Pereira, listá-lo como um dos responsáveis pela fraude de mais de R$ 20 bilhões na Americanas.
Na apresentação de Pereira, foi exibida uma mensagem de Barros dizendo que apresentar uma alavancagem grande demais ao mercado seria uma “morte súbita”.
Ele foi o segundo ex-executivo a comparecer na CPI. Na sessão realizada na última terça (1º), o ex-diretor Fabio Abrates compareceu e também permaneceu em silêncio.
Já o ex-CEO Miguel Gutierrez apresentou um atestado médico dizendo que ele não conseguiria deixar a Espanha, onde está no momento, para comparecer à CPI devido a uma crise renal.
Gutierrez negocia com a CPI a possibilidade de participar por videoconferência da comissão porque, de acordo com a petição apresentada pela sua equipe jurídica, só poderia voltar ao Brasil após 25 de agosto.
Os parlamentares ainda vão decidir o que fazer em relação à Gutierrez, mas o presidente da CPI não é a favor de um depoimento por videoconferência.
Além de Barros, a sessão da CPI também contou com o economista e especialista em mercado financeiro Eduardo Moreira.
De acordo com ele, os acionistas de referência da Americanas, os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, foram os primeiros beneficiados pela fraude.
“Se a empresa teve resultados muito piores [do que os demonstrados nos balanços anuais], o destino dela ia ser o mesmo, a diferença é que chegou nesse destino durante período no qual os donos ganharam dinheiro que não deveriam ter ganho”, avaliou.
Além disso, prosseguiu, houve um ganho reputacional para eles durante o período. “Se a gente muda lá atrás um ponto da história que está errado por conta de uma fraude, a história para a frente muda também”, apontou.
LUCAS MARCHESINI / Folhapress