Megaexplosão atinge fábrica militar perto de Moscou

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma impressionante explosão atingiu nesta quarta (9) uma fábrica de instrumentos ópticos que fornece material para as Forças Armadas da Rússia, em Serguiev Posad, um importante centro religioso 70 km a nordeste de Moscou. Ao menos 43 pessoas ficaram feridas.

Pela natureza do local e a força da explosão, que quebrou vidros em toda a vizinhança do fábrica, a primeira suspeita foi a de um ataque relacionado à Guerra da Ucrânia. Isso foi reforçado pelo fato de que as defesas aéreas de Moscou derrubaram dois drones lançados por Kiev contra a capital na mesma manhã (madrugada no Brasil).

O governo da região de Moscou, contudo, forneceu uma explicação mais prosaica. Disse que a fábrica alugava um galpão para a empresa Piro-Ross, que trabalha com produtos pirotécnicos —ela é responsável pelos famosos shows com fogos de artifício do Kremlin, mas também tem alguns contratos militares. Teria havido um “erro de procedimento”, causando a explosão.

O diretor da companhia foi detido para interrogatório porque, segundo a mídia local, empregava imigrantes ilegais no local. Ele negou à polícia que a explosão tenha ocorrido no seu depósito, e sim num prédio adjacente. A empresa está em recuperação judicial desde abril.

Segundo especialistas em explosivos, contudo, a natureza da nuvem em forma de cogumelo formada sugere que não houve material pirotécnico envolvido. Neste caso, a dispersão dos fogos seria para todos os lados.

Seja qual for a verdade, o fato é que a explosão atingiu uma fábrica considerada vital para as forças russas, fornecendo binóculos, lentes de visão noturna, sensores termais e sistemas ópticos inclusive para tanques modernos dos modelos T-80 e T-90. A Fábrica Óptica-Mecânica Zagorsk foi fundada em 1935 e também faz material de precisão para laboratórios.

A especulação em torno de um eventual ataque se dá porque a Ucrânia escalou sua campanha com drones em território russo neste ano. Moscou passou a ser alvo, e na semana retrasada duas ações danificaram os prédios no distrito financeiro Moscow-City. Até o Kremlin foi alvo, com o drone sendo interceptado já sobre sua área.

Mas os ataques com drones usualmente são mais simbólicos do que militarmente efetivos. Se o que ocorreu na fábrica Zagorsk foi uma ação ucraniana, sabotagem ou não, isso seria inédito. Dificilmente se saberá a verdade, contudo.

Na Ucrânia, os combates seguem tanto nos pontos da contraofensiva de Kiev, que ainda não conseguiu romper as defesas russas, quando no ataque de Moscou no nordeste do país. Em Feodosia, cidade portuária na Crimeia anexada, um incêndio em depósitos de combustível foi atribuído a drones ucranianos —o mar Negro é uma renovada frente de ações militares desde que Vladimir Putin deixou o acordo de escoamento de grãos da Ucrânia, com bombardeios russos e ataques a navios de Moscou.

RÚSSIA DIZ QUE POLÔNIA É INSTRUMENTO DOS EUA

Em Moscou, o ministro da Defesa, Serguei Choigu, afirmou em um encontro de cúpula da pasta que a Rússia terá de reforçar seus flancos oeste e noroeste devido a dois fatores: a entrada da Finlândia na Otan, a aliança militar do Ocidente, e a militarização crescente da Polônia.

“O Ocidente coletivo está travando uma guerra por procuração contra a Rússia”, afirmou, citando o conflito iniciado pela Rússia ao invadir a Ucrânia em 2022. Ele afirmou que a adesão finlandesa e, provavelmente, a sueca à Otan “é um fator de séria desestabilização” que demanda “medidas adequadas”.

“No território finlandês, é provável que mais contingentes militares e armas de ataque da Otan sejam instalados, capazes de atingir alvos críticos no noroeste da Rússia, com considerável profundidade”, afirmou.

Sobre a Polônia, ele afirmou que Varsóvia “se tornou o principal instrumento de política anti-Rússia dos Estados Unidos”. Na semana retrasada, o presidente Vladimir Putin já havia acusado sem provas os poloneses de planejar intervir na guerra.

Choigu repetiu a acusação, e afirmou que é necessário conter os cerca de 30 mil soldados que estão reforçando as fronteiras da Otan no Leste Europeu. A Polônia tem estado à frente da beligerância ocidental contra a Rússia, sua rival histórica.

Nesta quarta, anunciou que serão enviados 2.000 militares para a fronteira com Belarus, com quem vive renovada tensão. A ditadura aliada ao Kremlin abrigou mercenários do Grupo Wagner após o motim fracassado de junho, e Varsóvia teme que eles sejam usados em ações de infiltração. Nesta semana, Minsk promove exercícios militares com a suposta presença do grupo perto da fronteira polonesa.

IGOR GIELOW / Folhapress

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