Eletrobras espera resolver passivo com empréstimos dos anos 1970 em até dois anos

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, afirmou nesta quarta-feira (9) que a empresa espera encaminhar, em até dois anos, negociações para zerar o principal passivo judicial da companhia, que hoje soma R$ 22,1 bilhões.

São os chamados empréstimos compulsórios, cobrados de indústrias durante os anos 1970 para financiar investimentos no setor elétrico brasileiro. Após a privatização da companhia, em 2022, a solução desse problema se tornou uma das prioridades da nova gestão.

No segundo trimestre, a empresa reverteu R$ 1,4 bilhão dessas provisões, diante do fechamento de acordos para pagamento das dívidas com descontos. O estoque da dívida caiu de R$ 24,2 bilhões para R$ 22,1 bilhões.

Mais R$ 1,7 bilhão já está em negociação, mas ainda não foi contabilizado no balanço, informou Ferreira Junior nesta quarta. A reversão de provisões para empréstimos judiciais foi o principal item do crescimento de 16% no lucro da companhia no segundo trimestre.

O presidente da Eletrobras disse que a área jurídica da empresa já iniciou um processo de revisão também de outros passivos judiciais para avaliar a possibilidade de acordos, ampliando o esforço para limpar o balanço da companhia.

A identificação de ações com possibilidade de acordos já resultou na reversão de provisões para outros processos judiciais no valor de R$ 184 milhões.

Em outra frente, a Eletrobras trabalha para reduzir a exposição cambial de suas dívidas. No segundo trimestre, a empresa fez uma operação de hedge (proteção) de títulos no exterior no valor de US$ 1,2 bilhão.

Realizou outras duas grandes captações, no valor de R$ 1,3 bilhão, para melhorar custos e prazos de seu endividamento. Novas operações desse tipo estão em análise e podem ser anunciadas nos próximos meses.

Ferreira Junior disse que espera receber ainda em agosto ofertas por uma das nove usinas térmicas que colocou à venda, em um processo para sair do segmento de geração de energia a gás e carvão.

Segundo o executivo, a empresa pretende ser a primeira do setor elétrico a zerar o balanço de emissões de gases do efeito estufa, o que projeta para 2030. O processo de venda das térmicas a combustíveis fósseis da empresa foi iniciado em julho.

Dona de 23% da capacidade de geração de energia no país, a empresa já tem uma grande capacidade de geração renovável, mas concentrada em hidrelétricas. Projetos de geração solar e eólica representam ainda uma pequena fatia de suas operações.

O presidente da Eletrobras diz que os planos de crescimento da empresa nessas fontes incluem a aquisição de outras companhias ou de projetos em desenvolvimento.

Projetos de construção de linhas de transmissão são outra prioridade para o crescimento da companhia nos próximos anos. Ferreira Junior destacou que o governo projeta para 2023 e 2024 leilões que garantir investimentos de R$ 35 bilhões.

NICOLA PAMPLONA / Folhapress

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