Aderbal Freire-Filho discutiu, na Folha de S.Paulo, os caminhos do teatro em diferentes épocas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O diretor Aderbal Freire-Filho, morto nesta quarta-feira aos 82 anos, foi um dos nomes mais importantes do teatro brasileiro. Em uma de suas últimas aparições na Folha de S.Paulo, em 2020, refletiu sobre a volta do teatro após o fim da pandemia.

Aderbal comparou o teatro e o futebol, ambos acontecimentos-espetáculo, encontros entre os artistas e o público. Enquanto o futebol já se habituou a usar tecnologias para aumentar seu público, como o rádio, a televisão, e o streaming, o teatro ainda engatinhava nisso. Seria a pandemia o solavanco necessário para mudar esse cenário?

Sem tomar nenhuma posição incisiva, passa pelo surgimento do cinema, a história do futebol e gira entorno da pandemia para especular como seria o teatro após a Covid-19.

“Vamos voltar a Roland Barthes e combinar assim: o que os jogadores de futebol podem fazer, os jogadores de teatro também podem, isto é, vale tudo, menos beijo na boca. Pelo menos até a descoberta da vacina”, conclui.

Em uma conversa mais antiga, de 2015, com o jornalista Renato Kramer, Aderbal discutiu a natureza do diretor de teatro ao dirigir “Hamlet”, com Wagner Moura.

“O diretor é um animal que nasceu do autor”, diz Aderbal, “assim como um lagarto que soltou uma… Eu ia dizer uma borboleta, mas é muita frescura pra definir um diretor! É assim como um rato que virou um morcego! De um ser que se dividiu em dois. A minha sensação, cada vez que a gente faz um espetáculo de alguém é de virar esse mesmo bicho”.

Na mesma ocasião, Wagner Moura demonstrou seu apreço pelo diretor. “Eu acredito muito no teatro que ele faz, porque é o teatro da imaginação. O teatro de Aderbal é esse: da imaginação, do teatral.”

Redação / Folhapress

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