O Morro do José Menino, em Santos, virou cenário de guerra na tarde desta quinta-feira (10), por conta de uma troca de tiros entre policiais e criminosos, em continuidade da Operação Escudo.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), dois policiais do 2° Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP) foram vítimas de tentativa de homicídio. A ação policial completou 15 dias nesta sexta-feira (11) e começou com a morte do soldado da equipe de Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Patrick Bastos Reis, em Guarujá, no dia 27 de julho.
De acordo com a apuração, os agentes subiram o morro por volta de 17h, pela Rua Pedro Borges, no bairro José Menino, com auxílio do Helicóptero Águia da Polícia Militar (PM), para realizar patrulhamento. Assim que chegaram no local, foram recebidos a tiros por quatro criminosos. Houve troca de tiros. Ninguém se feriu e os bandidos fugiram.
O caso foi registrado como homicídio tentado no 2° Distrito Policial de Santos.
A SSP destaca que a polícia tem enfrentado forte reação dos criminosos na Baixada Santista. Além da morte do soldado da Rota, outros três PMs foram vítimas de tentativa de homicídio em uma semana, além da ocorrência desta quinta-feira (10).
Até o momento na ação policial, 341 pessoas foram presas e 16 mortas. Dentre os detidos, 122 eram procurados da Justiça e 18 são adolescentes. De acordo com a SSP, 46 armas de fogo, entre pistolas e fuzis foram apreendidos. Também foram recolhidos 800 kg de drogas.
Segundo o órgão, a Operação Escudo permanece na região para combater o tráfico de drogas e desarticular o crime organizado.
Entenda mais
A Operação Escudo começou após a morte do soldado da equipe de Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Patrick Bastos Reis, que foi baleado enquanto fazia um patrulhamento na comunidade da Vila Júlia, no dia 27 de julho.
De acordo com o inquérito, assinado pelo delegado titular da Delegacia Sede de Guarujá, Antonio Sucupira Neto, os indícios apontam para Erickson David da Silva, conhecido como “Deivinho”, de 28 anos, como o autor dos tiros que mataram o policial. Ele confessou que estava no local. Segundo a investigação, ele seria o “segurança” da “Biqueira da Seringueira”, no alto do morro da Vila Júlia.
O irmão de Erickson, Kauan Jason da Silva, de 19 anos, também foi preso. Ele estaria como “olheiro” da boca, avisando sobre a aparição de policiais.
Outro envolvido é Marco Antonio de Assis Silva, conhecido como Mazarope. Ele atuaria como vendedor de drogas na biqueira. No documento consta, que nenhum dos dois impediu que Erickson atirasse no policial, mesmo estando no local. Os três foram indiciados pelo homicídio.
O delegado pede que sejam convertidas as prisões dos irmãos, de temporárias para preventivas.
Outras 4 pessoas foram indiciadas por associação ao tráfico de drogas, mas não por participar do homicídio. Eles integram o mesmo grupo que vende drogas na Seringueira, mas não há provas de que estivessem no local.
Defesa
Segundo o advogado de Erickson, Wilton Felix, o homem é inocente e estava no local comprando drogas, pois seria usuário. De acordo com a defesa, assim que Deivinho ouviu os disparos fugiu do local.
O advogado informou que como as imagens de Erickson estavam sendo veiculadas como o principal suspeito da morte do PM, ele foi para outra cidade, mas resolveu se entregar “de livre e espontânea vontade” no dia 30 de julho, na Zona Sul de São Paulo.
Aumento no policiamento
Em entrevista coletiva no dia 31 de julho, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário Guilherme Derrite, deram detalhes sobre a operação. Foi anunciado pelo governador o aumento do policiamento, além de uma nova unidade policial, em Guarujá.
Segundo Tarcísio de Freitas, as ações se fazem necessárias pois “o tráfico ocupou a Baixada Santista”.