Ford repassa fábrica de Camaçari para governo da Bahia, que negocia com BYD

João Pedro Pitombo

SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – A montadora Ford e o governo da Bahia celebraram nesta sexta-feira (11) um acordo para reversão da propriedade do complexo industrial de Camaçari (a 50 km de Salvador) para o estado. O local abrigou a fábrica da Ford entre 2001 e 2021.

De acordo com a Ford, o processo seguirá a legislação vigente, que prevê posterior indenização para a empresa em valores compatíveis com o mercado.

“O acordo tem a finalidade de simplificar e agilizar o processo de transição de propriedade da fábrica, contribuindo para geração de valor ao estado e à comunidade baiana”, afirmou a montadora.

O complexo industrial da Ford encerrou as atividades em janeiro de 2021. Nos últimos meses, o governo da Bahia trabalhou para intermediar um acordo entre a Ford e a montadora chinesa BYD (Build Your Dreams), que anunciou em julho a instalação de uma fábrica de veículos elétricos na Bahia.

Sem a concretização do negócio entre as duas empresas privadas, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) optou for um acordo para reverter a propriedade do complexo industrial. Ford e Governo da Bahia não informaram qual será o valor da transação.

A intenção do governo baiano é que a BYD ocupe o mesmo local onde funcionava o antigo complexo industrial da Ford, aproveitando a infraestrutura e logística já existente.

Em nota enviada nesta sexta, a BYD informou que segue com o planejamento de investir na unidade industrial de Camaçari, mantendo as negociações com o Governo da Bahia.

O Governo da Bahia enfatizou, em nota, que a presença da Ford em território baiano está mantida e independe da reversão a propriedade da fábrica da empresa para a administração estadual. A expectativa é que a montadora mantenha as atividades do seu Centro de Desenvolvimento de Tecnologia.

Em Camaçari, a companhia emprega cerca de 1.500 engenheiros e especialistas que trabalham em criação e design de novos produtos para suas operações em nível global.

Na avaliação do governo baiano, a manutenção da plataforma de desenvolvimento de inovações da Ford e a instalação da fábrica da BYD devem elevar a Bahia a novo patamar no cenário da indústria brasileira.

“Mais do que atrair um grande fabricante de automóveis, no caso da BYD a Bahia conquista a vantagem de sediar um empreendimento voltado para a solução tecnológica, já que os veículos elétricos, especialidade da empresa, têm agregado uma série de inovações nos últimos anos e devem continuar evoluindo”, disse.

A BYD anunciou em julho a instalação de um complexo industrial para a produção de veículos elétricos em Camaçari com investimento de R$ 3 bilhões. A expectativa é de geração de novos 5.000 empregos diretos, sendo mil deles já na primeira fase de operação, prevista para o quarto trimestre de 2024.

O complexo será composto por três fábricas. Uma será dedicada à produção de carros elétricos e híbridos, com capacidade estimada em 150 mil unidades ao ano na primeira fase, podendo chegar a 300 mil unidades. Esta será a primeira fábrica de carros elétricos do Brasil.

A segunda fábrica vai produzir chassis para ônibus e caminhões elétricos. A terceira indústria será voltada ao processamento de lítio e ferro fosfato e atenderá ao mercado externo, utilizando-se da estrutura portuária da Bahia.

O pacote de benefícios fiscais oferecido pelo governo da Bahia à montadora chinesa, semelhante ao que era concedido à Ford, inclui uma redução de 95% do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços).

Em julho, o governador Jerônimo Rodrigues anunciou ainda a isenção de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) para os proprietários de carros elétricos com valor até R$ 300 mil que sejam produzidos na Bahia e circulem no estado.

O encerramento das atividades industriais da Ford no Brasil em 2021 deixou rastro de desemprego, queda na produção industrial e baque em efeito cascata na economia de Camaçari.

A cidade abrigou a primeira indústria de automóveis do Nordeste após uma longa batalha política e fiscal na década de 1990 e virou um polo de desenvolvimento nos anos seguintes.

JOÃO PEDRO PITOMBO / Folhapress

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