SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, nesta quinta-feira (10), que o Republicanos “é um partido de esquerda”. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a aproximação entre a legenda e o governo Lula (PT), engrossando a pressão da direita para que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) deixe a sigla.
A reforma ministerial que vem sendo negociada pelo petista deve atrair o Republicanos e o PP para a base do governo federal. Em reação a isso, Tarcísio afirmou, na quarta-feira (9), que avalia deixar seu partido.
Deputados da legenda afirmam que o partido não vai atuar a favor de Lula e que, portanto, o governador deveria permanecer filiado. Na leitura deles, o fato de um deputado integrar o ministério de Lula não vincula todo o Republicanos à base.
A declaração de Eduardo Bolsonaro foi dada ao Diário da Região, de São José do Rio Preto (SP), onde o deputado recebeu uma homenagem da Câmara Municipal. No seu discurso, ele criticou temas que vê como bandeiras da esquerda.
Já na entrevista, Eduardo afirmou que cabe aos membros do Republicanos insatisfeitos com a composição com Lula, como Tarcísio, avaliar o que fazer.
“Eu avalio hoje que o Republicanos é um partido de esquerda. […] A conduta do Republicanos hoje, pelo menos das suas lideranças, é de um partido de esquerda”, afirmou Eduardo. “Isso coloca Republicanos em pé de igualdade com os partidos de esquerda, eu realmente não consigo entender.”
Ele disse ainda que parlamentares do partido ligados à igreja devem estar “insatisfeitos com o posicionamento do Marcos Pereira”, que preside o Republicanos e é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.
Eduardo afirmou que a adesão do partido ao petista ocorre no momento em que “o governo Lula está colocando adiante todo tipo de pauta que é contrário aos ensinamentos bíblicos”, como a legalização das drogas.
O deputado mencionou ainda as trocas de deputados que o Republicanos fez na CPI do MST para favorecer o governo Lula.
Aliado da secretária da Mulher, Sonaira Fernandes (Republicanos), e do deputado estadual Gil Diniz (PL), Eduardo integra a ala bolsonarista que costuma travar embates com Tarcísio, cobrando do governador lealdade à direita e espaço no governo.
Eduardo afirmou que Tarcísio, como governador, pode deixar o Republicanos quando quiser –não precisa esperar a janela partidária como os deputados.
O governador já disse ser contra o Republicanos integrar a base de Lula e que avaliaria com o partido sua eventual saída. “Não gostaria de ver meu partido fazendo parte da base do governo”, afirmou.
Desde que ganhou a eleição, Tarcísio vem sendo disputado por outras legendas, como PL e PSD.
CAROLINA LINHARES / Folhapress