RIO DE JANEIRO, RJ (UOL-FOLHAPRESS) – A queda do Flamengo na Libertadores foi marcada por nervosismo do técnico Sampaoli na beira do campo até ser expulso por excesso de reclamação. É um contraste com a postura do treinador no seu dia a dia no clube, marcada por isolamento e pouco (ou nenhum) diálogo com os jogadores.
Não é surpresa e nem deveria ser uma surpresa para ninguém o jeito fechado de Sampaoli. Foi assim em toda sua carreira e a diretoria do Flamengo sabia dessa característica.
O treinador foi contratado pelas suas qualidades táticas apreciadas pelo presidente Rodolfo Landim. Era um alvo da situação do Flamengo desde 2015, quando o argentino topou ser técnico caso Wallim Vasconcelos ganhasse a eleição presidencial.
Ao assumir o clube, em abril, Sampaoli adotou sua postura profissional de fazer seu trabalho e deixar o relacionamento com atletas para seus auxiliares. Quando toma decisões, sobre trocas de jogadores ou escalações, o treinador apenas comunica sem dar grandes explicações.
O seu jeito ficou mais claro no caso de agressão ao atacante Pedro, cometida pelo seu ex-preparador físico, Pablo Fernandez. Até o jogo contra o Olimpia Sampaoli simplesmente não foi falar com Pedro sobre o assunto, embora tenha feito um post em rede social dizendo que queria ajudá-los – Fernández foi demitido.
Por isso, ninguém sabe a explicação de porque ele não usou Pedro no final do jogo contra o Olimpia quando o Flamengo estava sendo eliminado e precisava de gols. A ausência do artilheiro em um jogo no qual o Rubro-negro precisava desesperadamente de gols chamou atenção de membros da delegação que estava no Paraguai.
Nesta partida, a expulsão do treinador se deu por reclamações no intervalo do jogo, somadas ao que falou durante o 1º tempo. Tanto se dirigiu ao árbitro Wilmar Rondán e sua comissão de arbitragem que este perdeu a paciência após crítica pode arremesso lateral. Seu auxiliar, que é elo com jogadores, fora expulso antes.
O desgaste do treinador na relação com o elenco se acentua por conta da necessidade de fazer o papel de gestor para cortar jogadores do elenco. Foi assim com Marinho e Vidal. Isso porque a diretoria de futebol nem sempre cumpre esse papel.
A sensação no Ninho do Urubu é de que o trabalho depende de resultados e também de uma guinada no relacionamento entre as partes, embora a permanência esteja temporariamente garantida. O UOL apurou que o treinador também não cogita pedir o boné. No dia a dia, o clima com a maioria do elenco é péssimo e o treinador não faz muita força para se relacionar com funcionários e atletas. Sem resultados e ambiente, o casamento só vai sobreviver em caso de reação imediata.
LEO BURL E RODRIGO MATTOS / Folhapress