BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O advogado Frederick Wassef disse, em nota, neste domingo (13), estar sendo “alvo de mentiras” e negou participar do esquema de venda de joias de Jair Bolsonaro (PL), investigado pela PF (Polícia Federal).
Wassef atua na defesa do ex-presidente em alguns casos na justiça, mais notadamente envolvendo Adélio Bispo, autor da facada em Bolsonaro em 2018. O advogado foi alvo de operação da polícia na última sexta-feira (11).
“Como advogado de Jair Messias Bolsonaro, venho informar que, uma vez mais, estou sofrendo uma campanha de fake news e mentiras de todos os tipos, além de informações contraditórias e fora de contexto”, disse.
“Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, e nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta ou indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda”, completou.
Na nota, Wassef diz ainda que só tomou conhecimento da existência das joias no início deste ano pela imprensa, que ligou para Bolsonaro e por ele foi autorizado a fazer uma nota à imprensa sobre o caso.
De acordo com a apuração, o ex-presidente e seus auxiliares levaram joias e relógios recebidos durante seu mandato em voo da FAB para os Estados Unidos, em dezembro passado, e lá venderam as peças.
Segundo a PF, os valores obtidos dessas vendas foram convertidos em dinheiro e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, sem utilização do sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.
Os autos apontam também o envolvimento de Frederick Wassef. O advogado, segundo o inquérito, atuou para recuperar um relógio que havia sido vendido pelo grupo, quando o primeiro conjunto de joias se tornou público e começou a repercutir e ser apurado pela PF.
O inquérito policial foi instaurado no início de março.
“A investigação também trouxe fortes indícios de que Frederick Wassef integrou o esquema criminoso, atuando na recuperação do relógio Rolex Day-Date, vendido para a loja Precision Watches”, diz um trecho da decisão de Alexandre de Moraes.
“Frederick Wassef viajou para os Estados Unidos, reavendo o bem no dia 14 de março de 2023. Posteriormente, de forma oculta, no dia 29 de março de 2023, trouxe o relógio para o Brasil, entregando para Mauro César Cid na cidade de São Paulo, para posterior devolução ao Estado brasileiro.”
A defesa de Bolsonaro disse, na noite de sexta-feira (11) que o ex-presidente coloca sua movimentação bancária à disposição das autoridades e que ele “jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos”.
Após mais de 12 horas de silêncio sobre a operação da PF, a defesa de Bolsonaro disse ainda, em nota, que ele “voluntariamente” pediu ao TCU (Tribunal de Contas da União) em março deste ano a entrega de joias recebidas “até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito”.
Essa foi a única manifestação do ex-mandatário sobre o caso. No sábado (12), nas redes sociais, ele publicou um vídeo com uma criança, sem qualquer relação com o tema, e desejou “bom sábado a todos”.
MARIANNA HOLANDA / Folhapress