RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A federação que representa os revendedores de combustíveis do país, confirmou nesta segunda-feira (14) restrições pontuais para a compra de diesel pelos postos, principalmente os de bandeira branca, diante das elevadas defasagens em relação às cotações internacionais.
Responsável por garantir o abastecimento, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) afirmou, porém, que os estoques das distribuidoras estão em níveis adequados e que não há falta falta do produto nesse momento.
As dificuldades para aquisição de diesel refletem as elevadas defasagens no preço interno do combustível em relação às cotações internacionais do petróleo, que reduzem o apetite por importações e levam distribuidoras a priorizar o fornecimento às suas próprias redes de postos.
Segundo a Fecombustíveis (Federação do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes), trata-se de uma “situação atípica” e vem provocando “aumentos generalizados” nos preços de venda das distribuidoras de combustíveis.
“Com a diferença de valores entre os combustíveis adquiridos no mercado externo e os comercializados pelas refinarias da Petrobras, a janela da importação pode fechar em determinados períodos, eventualmente causando diminuição de produto disponível no país”, afirmou.
Por outro lado, como parte do mercado é abastecido por importações e importadores privados, consumidores de determinadas regiões vêm sofrendo com aumentos de preços por repasses da alta das cotações internacionais.
Na semana passada, o preço médio do diesel S-10 subiu R$ 0,08 por litro, para R$ 5,08, mesmo sem reajustes nas refinarias da Petrobras.
“Os postos [de] marca própria (bandeira branca) podem ter dificuldade para adquirir combustíveis a preços competitivos em virtude do aumento de custos generalizado por parte das distribuidoras”, disse a Fecombustíveis.
“Além disso, em uma situação de restrição de combustíveis, as distribuidoras nacionais priorizam as entregas de produto para os postos da sua rede bandeirada, visando o cumprimento dos contratos. Ou seja, em alguns locais, pode ocorrer restrições pontuais de fornecimento.”
A possibilidade de desorganização do mercado após a implementação da nova política de preços foi levantada por especialistas e executivos do setor logo após o anúncio de que a Petrobras abandonaria o conceito de paridade de importação.
A avaliação é que a falta de uma fórmula transparente para a definição dos preços amplia o risco de ingerência política na empresa e permite longos períodos de defasagem, com reflexos em importações e na competitividade de biocombustíveis.
Na abertura do mercado desta segunda (14), o preço do diesel nas refinarias da Petrobras estava, em média, R$ 1,18 por litro abaixo da paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). Na média nacional, a defasagem era de R$ 1,01 por litro.
No caso da gasolina, a diferença era de R$ 0,90 por litro nas refinarias da Petrobras e de R$ 0,79 por litro na média nacional.
A ANP disse que ainda não recebeu de relatos de distribuidoras sobre restrição de oferta e que segue monitorando a situação. “A agência consolida ainda, diariamente, os dados de estoques de combustíveis do mercado e, até presente data, os dados consolidados apresentam níveis regulatórios adequados”, afirmou.
NICOLA PAMPLONA / Folhapress