RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Petrobras anunciou nesta terça-feira (15) reajuste nos preços da gasolina e do diesel. São os primeiros aumentos desde a implantação da nova política comercial da companhia, que abandonou o conceito de paridade de importação em maio.
O preço da gasolina nas refinarias da estatal vai subir 16,2%, ou R$ 0,41 por litro, para R$ 2,93. Já o diesel terá alta de 25,8%, ou R$ 0,78 por litro, para R$ 3,80. A estatal destaca que o valor final dos produtos “é afetado também por outros fatores como impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro”.
A Petrobras justificou os aumentos dizendo que os preços do petróleo se consolidaram em outro patamar e que está “no limite da sua otimização operacional, incluindo a realização de importações complementares”.
A empresa vinha sendo questionada pelo mercado pelo represamento de preços em um cenário de alta das cotações internacionais do petróleo. As elevadas defasagens no mercado interno já vinham levantando também alertas de risco de desabastecimento de diesel.
O cenário reflete a redução de importações privadas e gera preocupação no setor, já que o consumo do combustível cresce no segundo semestre, com a maior demanda pelo transporte da safra agrícola.
Nesta segunda, a Fecombustíveis (Federação com Comércio de Combustíveis e Lubrificantes), confirmou restrições pontuais na oferta do produto, mas disse que ainda não havia falta. Segundo ela o Brasil vive uma situação atípica.
A possibilidade de desorganização do setor após a implementação da nova política de preços foi levantada por especialistas e executivos do setor logo após o anúncio de que a Petrobras abandonaria o conceito de paridade de importação.
Na abertura do mercado de segunda-feira (14), o preço do diesel nas refinarias da Petrobras estava, em média, R$ 1,18 por litro abaixo da paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). Na média nacional, a defasagem era de R$ 1,01 por litro.
No caso da gasolina, a diferença era de R$ 0,90 por litro nas refinarias da Petrobras e de R$ 0,79 por litro na média nacional.
Nesta terça, após os reajustes, a defasagem de preços nas refinarias da Petrobras caiu para R$ 0,45 na gasolina e R$ 0,40 no diesel, informou a Abicom. Na média nacional, os valores caíram para R$ 0,41 e R$ 0,36, respectivamente.
Analistas do banco Goldman Sachs estimam que a Petrobras segue vendendo gasolina e diesel a preços 8% e 7%, respectivamente, abaixo da paridade de importação. Ainda assim, avaliam que as margens de refino da estatal se mantém em níveis saudáveis.
“Vemos as notícias de hoje como positivas, ao indicar que a Petrobras não deve subsidiar significativamente os preços dos combustíveis no Brasil e que as importações para o país tendem a se manter lucrativas”, escreveram, em relatório.
Antes mesmo dos aumentos desta terça, o preço do diesel nos postos já vinha sendo pressionado pelo repasse da elevação das cotações internacionais por importadores privados. Na semana passada, o preço médio do diesel S-10 subiu R$ 0,08 por litro, para R$ 5,08.
A Petrobras diz que, considerando que a gasolina tem 27% de etanol anidro em sua mistura final, sua parcela no preço de bomba R$ 0,30 por litro, para R$ 1,84. No diesel, a alta será de R$ 0,65 por litro, para R$ 2,69.
Em nota, a empresa destacou que, mesmos após os reajustes, a variação acumulada do preço da gasolina em suas refinarias no ano é uma queda de R$ 0,15 por litro. No caso do diesel, a queda acumulada é de R$ 0,69 por litro.
“Ciente da importância de seus produtos para a sociedade brasileira, a companhia reitera que na formação de seus preços busca evitar o repasse da volatilidade conjuntural do mercado internacional e da taxa de câmbio, ao passo que preserva um ambiente competitivo salutar”, completou a estatal.
NICOLA PAMPLONA / Folhapress