Reajuste nos combustíveis, B3 cria índice de diversidade e o que importa no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Reajuste nos combustíveis, apagão em 25 estados e no DF, B3 cria índice de diversidade e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (16).

**COMBUSTÍVEIS MAIS CAROS**

A Petrobras anunciou nesta terça (15) um aumento em suas refinarias nos preços da gasolina em 16,2% (R$ 0,41 por litro) e do diesel em 25,8% (R$ 0,78 por litro).

EM NÚMEROS

Considerando a mistura na bomba, a parcela da Petrobras no preço por litro da gasolina nos postos terá aumento de R$ 0,30 por litro. No diesel, a alta será de R$ 0,65 por litro.

Outros fatores ainda afetam o preço de venda ao consumidor, como impostos, logística e as margens de lucro dos postos.

O QUE EXPLICA

A Petrobras disse que os preços do petróleo lá fora se consolidaram em outro patamar e que está “no limite da sua otimização operacional, incluindo a realização de importações complementares”.

A estatal vinha sofrendo pressão do setor nas últimas semanas pelo patamar dos combustíveis no Brasil estar bem abaixo da paridade de importação –conceito que simula o custo de importação.

O cenário desincentivou a importação de agentes privados, o que forçou a estatal a aumentar as compras do exterior e chegou a gerar relatos de restrições de diesel em alguns postos.

Após os reajustes, a defasagem de preços nas refinarias da Petrobras caiu para R$ 0,45 na gasolina e R$ 0,40 no diesel, informou a Abicom (associação de importadores).

IMPACTO NA INFLAÇÃO

Os bancos e corretoras projetaram aumento no IPCA para este e o próximo mês. O impacto é principalmente na gasolina, subitem de maior peso no índice e que deve ter impacto total de 0,26 ponto percentual no IPCA.

Se antes os especialistas viam a inflação deste ano terminando abaixo de 5%, no que evitaria o estouro da meta pela terceira vez consecutiva, agora os cálculos variam de 4,9% a 5,1%.

**AS DÚVIDAS SOBRE O APAGÃO**

Até o fim desta terça, o governo ainda não tinha explicado onde e como começou o apagão que deixou quase todo o país sem luz durante a manhã.

O sistema foi totalmente reestabelecido às 14h49 , seis horas após a falha, de acordo com o ministério de Minas e Energia.

A demora em encontrar as causas foi criticada em entrevista à Folha de S.Paulo do engenheiro Luiz Eduardo Barata, que atuou em órgãos do governo no setor. Ele afirma que os reguladores conseguem identificar a origem de um problema logo após a sua ocorrência.

O que se sabe até agora: o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, disse que o fenômeno é extremamente raro e deve ter sido provocado por dois eventos.

Um dos incidentes ocorreu em uma linha privada no Ceará por causa de uma sobrecarga na transmissão, o que fez o sistema entrar em colapso na região.

Ele não soube dizer onde teria havido o segundo problema nem a causa.

O ministro ainda disse que determinou uma avaliação detalhada para descartar o risco de sabotagem e reforçou críticas à privatização da Eletrobras, mas evitou ligar diretamente uma coisa com a outra.

Um problema maior foi contido graças a um mecanismo chamado Erac. Após identificar um impacto brusco no sistema, ele evita um colapso ao cortar automaticamente a energia de consumidores previamente estabelecidos.

QUEM FOI ATINGIDO

Vinte e cinco estados e o Distrito Federal. O único que passou ileso foi Roraima, que não está interligado no SIN (Sistema de Integração Nacional).

O problema durou por mais tempo nos estados do Norte e Nordeste, onde a luz só voltou de forma integral no período da tarde.

A queda no Sul, Sudeste e Centro-Oeste foi uma ação controlada para evitar a disseminação do problema. Essas regiões tiveram a energia reestabelecida por volta das 10h20.

IMPACTOS

Aulas paralisadas, semáforos sem funcionar, fornecimento de água afetado e atendimento em hemocentro suspenso. Reunimos aqui as principais consequências do apagão nas capitais.

**CARTEIRA DIVERSIFICADA**

A B3 lançou nesta terça o Idiversa, índice de empresas que cumprem critérios de diversidade de gênero e raça com base na demografia do país.

A lista reúne 75 empresas listadas de dez setores, e as mais diversas têm maior peso no índice. BB (Banco do Brasil), Hypera e Raia Drogasil estão no top 3.

ENTENDA

O levantamento é feito pela B3 a partir dos formulários de referência preenchidos pelas empresas para a CVM. São analisados todos os funcionários da companhia em quesitos como raça e gênero.

Ficam melhor posicionadas no ranking as companhias que forem mais diversas que seus concorrentes e na comparação com os estratos da população brasileira.

A classificação ainda considera os níveis de hierarquia. Maior diversidade em cargos de alto escalação (como no conselho e na diretoria) gera maior nota.

OS REQUISITOS

Para participar do Idiversa, as empresas têm de ter ao menos um membro de grupos minoritários tanto em seu conselho de administração quanto na diretoria estatutária.

Também são fatores de corte um índice de negociabilidade de 99% e presença em 95% dos pregões. Não participam empresas com ações penny stocks –negociadas a menos de R$ 1.

MAIS SOBRE EMPRESAS E BOLSA

↳ A maioria dos gestores de fundos da América Latina espera que os investidores se voltem ao mercado acionário apenas quando a Selic atingir 10% ao ano, e 88% deles vê o Ibovespa acima dos 120 mil pontos no fim de 2023. Os resultados são de uma pesquisa do Bank of America.

↳ O Nubank registrou lucro de US$ 224,9 milhões no segundo trimestre deste ano, revertendo prejuízo de US$ 29,9 milhões do mesmo período do ano anterior. O banco digital chegou a 79,4 milhões de clientes no Brasil, enquanto a operação mexicana atingiu 3,6 milhões, e a colombiana, 700 mil.

**ARÁBIA SÁUDITA ABRE A CARTEIRA PARA NEYMAR E CHIPS DE IA**

Ao mesmo tempo em que irá gastar centenas de milhões de euros para que Neymar atue nos gramados do país, a Arábia Saudita está desembolsando muito dinheiro para comprar os novos chips desenvolvidos pela Nvidia para rodar ferramentas de IA generativa.

Por mais que os mundos do esporte e da tecnologia pouco conversem entre si, a estratégia nesses casos se encaixa em um mesmo discurso das autoridades do reino saudita: diversificar a economia, hoje muito dependente do petróleo.

EM NÚMEROS

No futebol: serão 320 milhões de euros (R$ 1,7 bilhão na cotação de hoje) em salários para o craque brasileiro atuar por dois no Al Hilal, um dos quatro clubes controlados pelo fundo soberano do país. A transação ainda custou mais US$ 100 milhões e foi a maior da história da liga saudita.

Esse é apenas um dos investimentos feitos pelas equipes locais para atrair craques mundiais, como Cristiano Ronaldo (Al-Nassr), N’Golo Kanté (Al-Ittihad), Sadio Mané (Al-Nassr) e Karim Benzema (Ittihad Club).

Na tecnologia: o reino saudita encomendou ao menos 3.000 chips H100 da Nvidia, que custam US$ 40 mil cada um e foram desenvolvidos para rodar ferramentas de IA generativa, como o ChatGPT, segundo o Financial Times.

Os Emirados Árabes Unidos também compraram milhares de unidades, em um objetivo declarado dos dois países da região do Golfo de se tornarem líderes no desenvolvimento de IA.

SIM, MAS…

Os críticos afirmam que a estratégia de investir pesado em esporte e tecnologia –que também envolve atração de multinacionais– vai além da diversificação da economia, numa tentativa de limpeza mundial da imagem do país.

A Arábia Saudita é lembrada por casos de agressões a direitos humanos e execuções, como a do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018. A CIA acusa o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, de ter ordenado o assassinato. Ele nega.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

MERCADO

Líderes planejam excluir taxação de offshores de MP, em revés para governo. Imbróglio pode atrasar tramitação de proposta considerada essencial pela equipe econômica.

MERCADO

Câmara adia novamente votação de arcabouço após atrito entre Haddad e Lira. Rusga entre Lira e Haddad travou andamento de medida econômica.

BANCO CENTRAL

Campos Neto diz que parcelamento sem juros é ‘muito importante’. Declarações ocorrem após presidente do Banco Central ter sugerido a possibilidade de criar uma tarifa para frear modalidade.

INFLAÇÃO

Preços caem para famílias pobres e sobem para os ricos. Alimentos e energia levam deflação a grupos com renda menor em julho; gasolina pressiona quem tem poder aquisitivo maior, diz Ipea.

MERCADO

Ministério de Minas e Energia pediu para Eletrobras suspender PDV. Empresa recebeu carta em 20 de julho, e manteve processo sem responde; pasta teme perde de funcionários qualificados.

JUSTIÇA

Como o hacker da ‘Vaza Jato’ explorou falhas em série do CNJ para acessar sistema. Falta de autenticação de dois fatores, sistemas desatualizados e bug permitiram criar conta de magistrado.

ARTUR BÚRIGO / Folhapress

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