BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) avançou nas tratativas para acomodar Republicanos e PP no primeiro escalão do governo.
Segundo parlamentares do centrão ouvidos pela reportagem, integrantes do governo acenaram com a oferta da Caixa Econômica Federal e um novo ministério, de Micro e Pequenas Empresas, ao PP, mas o partido rechaçou a proposta e reforçou a demanda pelo Ministério do Desenvolvimento Social.
Em outra frente, o Planalto indicou que pode entregar o Ministério dos Portos e Aeroportos ao Republicanos, que também pode comandar a Funasa (Fundação Nacional da Saúde).
O assunto foi tratado em reunião de Lula com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nesta quarta-feira (16). Segundo pessoas a par das negociações, o presidente ficou de dar uma resposta ainda nesta quinta sobre as demandas.
Diante da sinalização recebida pelo PP, integrantes da sigla avaliaram que, mesmo com a possibilidade de sinergia com recursos do Sistema S, preferem um ministério com mais capilaridade e que dê vazão para emendas parlamentares o Desenvolvimento Social envia dinheiro para equipamentos e obras de centros de assistência social.
No entanto, integrantes da cúpula do PT que estiveram com Lula na noite de terça-feira (15) dizem estar seguros de que o presidente irá poupar Wellington Dias, que comanda o Desenvolvimento Social, da reforma ministerial.
Além de ser uma pasta estratégica aos petistas, pesa o fato de que Dias teria de deixar o ministério para dar lugar ao partido de um dos seus principais rivais no Piauí, o senador Ciro Nogueira, que preside o PP.
Se não houver consenso, surge a possibilidade de transferir a gestão do Bolsa Família para a Casa Civil, deixando o Desenvolvimento Social focado nas áreas de mais interesse do centrão, principalmente emendas.
Essa solução também é criticada por técnicos da área social do governo e por petistas, mas é aceita pelo PP.
As especulações nos bastidores em torno do Ministério do Desenvolvimento Social aumentaram quando Lula cancelou, após poucos minutos do início, uma reunião com o ministro Wellington Dias na tarde desta quarta-feira, cuja pasta é pleiteada pelo PP. O mandatário saiu na sequência para encontrar Arthur Lira.
O encontro foi retomado nesta quinta. Wellington apresentou Lula seus projetos sociais e o plano “Brasil Sem Fome”, para erradicar a pobreza. Após a reunião, o ministro divulgou um vídeo, disse que o presidente aprovou o plano e o pediu para seguir trabalhando.
“E o presidente deu uma orientação para mim. Ele sabe que já estamos trabalhando e agora ele quer que possamos nos dedicar e trabalhar ainda mais. E é isso que vamos fazer”, afirmou o ministro, que foi um dos coordenadores da campanha de Lula no ano passado.
Para concretizar a reforma, o petista ainda precisa se reunir com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP). Ainda não há um encontro marcado. A expectativa de integrantes do Palácio do Planalto e articuladores políticos é a de que Lula finalize até esta sexta (18) a minirreforma.
Se esse desenho for confirmado, Lula terá de fazer remanejamentos na Esplanada. Uma possibilidade é que Márcio França (Portos e Aeroportos) seja transferido para Ciência e Tecnologia, cuja ministra, Luciana Santos (PC do B), poderia ir para o Ministério da Mulher, substituindo Cida Gonçalves.
França também poderia ocupar o novo Ministério de Micro e Pequenas Empresas, que seria desmembrado do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, comandado atualmente pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin. Os dois são do PSB.
Membros do centrão acreditam que Lula irá solucionar a equação e apresentar o desenho final da reforma ministerial nesta semana, antes de embarcar para nova viagem ao exterior.
Lira viajou a São Paulo nesta quinta para um evento de filiação ao PP do secretário-chefe da Casa Civil do estado de São Paulo, Arthur Lima.
Interlocutores de Lira afirmaram à reportagem que recomendaram que o presidente da Câmara ouvisse o que o petista iria oferecer durante a reunião desta quarta e não demandasse o comando de uma ou outra pasta específica.
A Funasa, por sua vez, vinha sendo alvo de pedidos do PSD, que já tinha solicitado o comando do órgão ao Planalto desde a transição do governo.
Nesta semana, a bancada da legenda no Congresso enviou uma carta para ministros palacianos reforçando a indicação do nome do ex-vice-governador do Ceará Domingos Filho para chefiar a Funasa. O documento era assinado pelos líderes do partido na Câmara, Antonio Brito, e no Senado, Otto Alencar.
Redação / Folhapress