BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal localizou na noite de quarta-feira (16) Frederick Wassef em um restaurante na zona sul de São Paulo e realizou uma busca pessoal contra o advogado de Jair Bolsonaro (PL).
O carro de Wassef também foi revistado pelos agentes e, segundo apuração da Folha de S.Paulo, mais de um aparelho celular foi apreendido com o advogado e no seu veículo.
Wassef é investigado no caso da venda de joias e presentes recebidos pela Presidência na gestão Bolsonaro.
A diligência desta quarta foi necessária, segundo a PF, porque o advogado não havia sido encontrado no dia da operação Lucas 12:2, deflagrada na última sexta (11).
A PF considera Wassef suspeito de integrar uma “operação resgate” de um relógio de luxo que tinha sido vendido nos Estados Unidos e que, por ordem do TCU (Tribunal de Contas da União), precisaria ser devolvido por Bolsonaro ao governo federal.
No relatório da investigação, a PF afirma que o Rolex Day-Date recebido por Bolsonaro foi vendido nos Estados Unidos para a empresa Precision Watches. Após o caso das joias surgir no noticiário, foi iniciada a operação resgate.
Wassef, diz a PF, recomprou o relógio no dia 14 de março.
Após recomprá-lo, o advogado voltou ao Brasil em 29 de março e devolveu o item para o ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, em 2 de abril. A devolução dos itens foi efetuada em 4 de abril.
Para a PF, o advogado de Bolsonaro atuou com o objetivo de “escamotear, das autoridades brasileiras, a evasão e a venda ilícitas dos bens no exterior”, juntamente com Cid.
A ação da PF vem após uma mudança de postura de Wassef sobre sua participação no esquema de venda dos itens revelada pela PF.
No domingo (13), o advogado de Bolsonaro divulgou uma nota em que negou qualquer envolvimento com o caso das joias.
“Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa e nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta ou indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda”, disse ele.
Na terça (15), Wassef mudou o tom em entrevista coletiva para jornalistas, confirmou que comprou o relógio nos Estados Unidos e disse que a decisão foi pessoal, sem participação de Bolsonaro ou Mauro Cid.
“Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos, eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos, em um banco em Miami, e usei do meu dinheiro para pagar o relógio. Então, o meu objetivo quando eu comprei esse relógio era exatamente para devolver à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República, e isso, inclusive, por decisão do Tribunal de Contas”, disse.
Sobre o motivo de gastar os valores e ir até os Estados Unidos buscar o relógio, Wassef disse que não poderia dar mais detalhes porque não teve acesso ainda a apuração da PF.
“Eu tomei a decisão de comprar, entendeu? Foi solicitado, comprei e fiz chegar ao Brasil. Agora, se o senhor [jornalista] quiser perguntar detalhamento. ‘Olha, qual voo?, que horas que entrou?, Para quem você deu?’ Neste momento eu não vou poder falar. Quem solicitou não foi Jair Bolsonaro. Não foi o coronel [Mauro] Cid.”
Wassef é advogado de Bolsonaro e amigo da família. Antes do caso das joias, ele se envolveu em outros episódios de investigações envolvendo familiares do ex-presidente.
O mais conhecido de todos é o da “rachadinha” que envolvia o senador Flávio Bolsonaro.
Apontado como operador financeiro do filho do ex-presidente no esquema, o policial militar Fabrício Queiroz estava em uma casa de Wassef, em Atibaia, no interior de São Paulo, quando foi preso pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
Redação / Folhapress