BARRETOS, SP (FOLHAPRESS) – A fase final da PBR (Professional Bull Riders), que consagrará neste final de semana o campeão do circuito no país durante a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, adotou pela primeira vez no maior rodeio brasileiro um sistema que alterna sorteio e escolha de touros a serem montados pelos peões. De uma forma ou de outra, porém, os touros levaram vantagem nos dois primeiros dias da competição.
O modelo, que segue padrão adotado pela própria PBR nos Estados Unidos, consiste em dar aos melhores da noite de sorteio a possibilidade de escolher primeiro o animal para o dia seguinte.
Assim, eles podem escolher um touro menos indócil ou com característica que facilite sua montaria, deixando os mais difíceis para os competidores com as piores notas. Porém, como a montaria consiste na avaliação de peão e touro, se um peão menos favorecido na escolha conseguir parar no touro que escolheu terá chances de obter uma boa nota e subir na classificação.
Na primeira noite, quinta-feira (17), quando os touros foram sorteados, 12 dos 25 competidores conseguiram ficar montados oito segundos nos animais -tempo exigido para que a montaria seja considerada válida.
Já na sexta (18), com 22 montarias, 9 peões derrotaram os touros escolhidos por eles. “O rodeio é marcado pela imprevisibilidade, cada montaria é uma viagem diferente”, afirmou na disputa o comentarista Emilio Carlos dos Santos, o Kaká de Barretos, ex-presidente de Os Independentes, que organiza a festa de Barretos (a 423 km de São Paulo).
O sistema de sorteio se repetirá neste sábado (19) e a livre escolha será usada no domingo (20), dia em que será conhecido o campeão da etapa final, em Barretos, e também o vencedor da temporada.
O cenário não difere muito do visto em 2022 em Barretos, quando somente 8 dos 30 peões que montaram no primeiro dia conseguiram vencer os animais, e tem uma explicação: cada vez mais os touros estão difíceis de serem montados, devido ao melhoramento genético. Os touros enormes e pesados do passado deram lugar a animais mais baixos, mais ágeis e mais agressivos.
Após os dois primeiros dias, a liderança é do peão Luiz Américo Silva, de Timóteo (MG), com 176,5 pontos, apenas 0,5 ponto à frente de Cléber Henrique Marques. Gabriel Morais é o terceiro, com 175 pontos.
O campeão será conhecido neste domingo e levará um prêmio de R$ 100 mil, além de se qualificar para disputar provas nos Estados Unidos.
Marques disse que o touro que escolheu só pulava para a esquerda e era muito forte, mas fez essa opção por pegar um animal mais forte, porém previsível. “Até domingo tem muita água para rolar ainda”, disse o competidor.
Dos cinco primeiros no ranking até aqui, três têm menos de 24 anos. Diretor de rodeios de Os Independentes, Marcos Abud disse que há uma boa geração de peões com idades entre 18 e 22 anos que vão garantir a qualidade das montarias e também a longevidade dos rodeios.
COMO É A NOTA
Na montaria em touros, o peão segura a corda com uma das mãos. A outra não pode tocar em nada nem no próprio corpo. Na avaliação, os juízes levam em consideração o grau de dificuldade que o touro impõe ao peão.
Quanto maior a dificuldade, melhor a nota, desde que resista ao tempo regulamentar, que é de oito segundos. Se o peão não ficar oito segundos sobre o animal, a nota será zero.
Caso consiga cumprir o tempo, ele e o touro são avaliados, cada um, com notas de 0 a 50. A soma é a nota final do competidor. A maior nota de Barretos até este sábado foi de Miguel de Jesus, de Campo Alegre de Goiás, com 90,75 pontos.
Além das finais da PBR, Barretos receberá as finais da LNR (Liga Nacional de Rodeio), de segunda (21) a quarta (23) e sábado (26), e o Barretos International Rodeo, entre os dias 24 e 27.
A festa de Barretos neste ano terá mais de cem shows distribuídos em cinco palcos e três competições envolvendo touros.
A previsão é receber 900 mil visitantes até o dia 27, data em que será conhecido o novo campeão do Barretos International Rodeo -que levará para casa um prêmio de US$ 40 mil (cerca de R$ 200 mil).
MARCELO TOLEDO / Folhapress