SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de cinco anos, o Dekmantel volta a São Paulo. Uma das principais marcas do circuito alternativo global de música eletrônica, o festival retorna ao Brasil como showcase: um lineup com 17 atrações combinando nomes em ascensão e artistas consolidados nas pistas, tais como o brasileiro Evehive e o espanhol John Talabot, nos dias 3 e 4 de novembro.
“Nas primeiras edições do festival, a gente estava muito focado em alguns selos musicais, mas agora estamos tentando abrir mais o espectro de artistas”, afirma Casper Tielrooij, DJ holandês e fundador do Dekmantel. “E hoje vemos que a América Latina está num bom momento.”
As sonoridades latinoamericanas serão representadas por artistas como Cashu e Badsista, nomes inseparáveis da Mamba Negra -uma das principais grifes de rave urbana do mundo hoje-, a colombiana Bitter Babe, do selo TraTraTrax -coletivo da diáspora latina em Miami-, além dos brasileiros da Gop Tun.
“A primeira edição do Dekmantel Brasil, em 2016, ocorreu em um momento em que havia a Gop Tun, a Mamba Negra, a ODD, diversas festas na cidade de São Paulo”, diz Caio Taborda, um dos fundadores e DJs da Gop Tun. “A edição do festival no Brasil é a única que ocorre fora da Holanda.”
Nomes europeus de peso também se somam ao lineup. A russa Dr Rubinstein, artista de renome na cena do acid techno; o britânico Blawan, conhecido por seu som industrial e obscuro; e o holandês Young Marco, notório por suas finas seleções que vão do house ao boogie.
A notória ausência da edição showcase do Dekmantel fica por conta de conjuntos e músicos que fazem uso de instrumentos que não as CDJs dos DJs. Em anos anteriores, o evento brasileiro teve artistas como Marcos Valle e Hermeto Pascoal, seguindo a verve do Dekmantel original.
“As coisas no Brasil são difíceis por causa da moeda”, diz Taborda. “E quando o dólar explodiu nos últimos anos, a gente teve de segurar um pouco nossas expectativas. Queremos fazer um showcase para ver como vai ser a recepção. Estamos dando um passo atrás e seguir adiante, se for o caso.”
O Dekmantel também volta ao Brasil durante uma retomada das grandes marcas da música eletrônica no país, como é o caso do Ultra, realizado em abril, e do Tomorrowland, que terá uma nova edição brasileira em outubro.
Outro fator importante é a ascensão dos festivais. Nos últimos meses, diversos eventos do tipo tem se espalhado pelo país, seja em versões locais, seja em versões nacionalizadas de grifes internacionais -caso do Primavera.
“Somos independentes e isso vai acima de tudo”, afirma Tielrooij. “No Brasil, fizemos festivais durante crises econômicas, e as margens de lucro nunca foram muito boas. Construímos o Dekmantel no país pouco a pouco, porque compartilhamos uma visão com a Gop Tun.”
Nesse contexto, a versão brasileira do festival holandês também tem de encarar um cenário global alterado por pandemia e pela crescente popularidade da música eletrônica de pista no Brasil. Enquanto aquele parece ter acelerado o andamento da chamada club music no mundo todo, este tem provocado uma busca por nomes de peso que costumam atrair público em solo nacional -os headliners.
“É interessante ver como a cena no Brasil mudou desde o primeiro Dekmantel aqui”, diz Taborda. “Para a gente, é difícil criar um bom lineup porque as pessoas querem ir ver os headliners no festival. Isso é desafiador: sempre tentamos criar um lineup para que as pessoas também possam descobrir novos artistas.”
A versão reduzida do Dekmantel Brasil será realizada na Fábrica de Impressões, complexo de galpões localizado na Barra Funda. Os ingressos custarão entre R$ 160, para um dia de vento, e R$ 250, para dois dias de evento.
FELIPE MAIA / Folhapress