RECIFE, PE (FOLHAPRESS) – Um dia após a cirurgia de separação, as gêmeas siamesas Allana e Mariah, de 2 anos e 8 meses, têm boa evolução, de acordo com o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, a 313 km de São Paulo. As irmãs foram separadas após 25 horas de cirurgia, que terminou às 8h do domingo (20).
Boletim divulgado na tarde desta segunda (21) pela unidade de saúde diz que exames laboratoriais e de imagem realizados nas últimas horas mostram boa evolução do quadro.
Essa foi a quarta cirurgia a que as crianças foram submetidas, numa rotina iniciada em agosto do ano passado. A cirurgia definitiva deveria ter sido realizada em 29 de julho, mas as meninas apresentaram febre e o procedimento foi adiado.
As gêmeas se recuperam na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do HC Criança, sob o cuidado da equipe de saúde e dos pais.
A família das meninas é de Piquerobi (SP) e a mãe, Talita Cestari, era acompanhada desde a gravidez pelo hospital, vinculado à FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto), da USP (Universidade de São Paulo).
No sábado (19), quando a cirurgia foi iniciada, as equipes médicas, compostas de 50 profissionais de áreas como neurocirurgia pediátrica, cirurgia plástica, pediatria, radiologia e enfermagem, atuaram na dissecção de cerca de 25% dos vasos sanguíneos restantes.
De acordo com o HC, os demais 75% já tinham sido separados nas três neurocirurgias a que as meninas foram submetidas anteriormente e conduzidas pelo chefe da neurocirurgia, Hélio Machado.
Além disso, a equipe da cirurgia plástica, liderada pelo médico Jayme Farina Junior, foi responsável pela cranioplastia, procedimento que fechou a calota craniana e a pele que recobre a cabeça de cada uma das crianças.
Os preparativos da cirurgia final foram feitos na sexta (18), com uma reunião de 20 profissionais no HC Criança para cuidar dos detalhes cirúrgicos, como a ordem dos acontecimentos, o que cada equipe faria e a prevenção de riscos.
O primeiro procedimento, em 6 de agosto do ano passado, levou nove horas e meia para ser concluído, meia hora a mais do que a segunda cirurgia, em 19 novembro.
Na terceira fase, em março, elas foram submetidas a um novo procedimento de sete horas de duração, com o objetivo de avançar na separação da circulação sanguínea do cérebro. Bem-sucedido, o procedimento levou a separação a um índice de 75%.
Um procedimento preparatório pré-cirurgia final foi realizado em 15 de abril, quando a equipe de Farina Júnior fez a inserção de expansores de pele e uma equipe do Hemocentro de Ribeirão fez punção da crista ilíaca (osso do quadril) para a coleta de células-tronco. O procedimento total levou quatro horas para ser concluído.
As células-tronco foram colhidas para serem usadas para a formação óssea da reconstrução craniana das meninas. Segundo o HC, elas estariam presentes no preenchimento de espaços entre os fragmentos de ossos e na forma de gel, que cobrirá e fará uma camada protetora.
JOSÉ MATHEUS SANTOS / Folhapress