CAJAMAR, SP (FOLHAPRESS) – Em tempos de discussão sobre o rotativo, o crédito com as maiores taxas do país hoje, com juros de cerca de 15% ao mês e 437% ao ano, há outras opções de empréstimo para quem está endividado, que podem ser melhores, até para quitar a fatura do cartão de crédito.
São quatro linhas disponíveis para pessoas físicas: empréstimo pessoal, consignado para funcionários com carteira assinada, consignado para servidores públicos e consignado do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
O cliente pode passar no máximo 30 dias no rotativo. Desde 2017, as instituições financeiras são obrigadas, após um mês, a migrar essa dívida para um crédito parcelado, que tem juros mais baixos.
A reportagem consultou o Banco Central (BC), além de bancos e instituições financeiras para obter as taxas médias. A reportagem também simulou o total a ser pago em 24 vezes em cada linha de crédito.
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QUAIS AS DIFERENÇAS ENTRE AS OPÇÕES DE EMPRÉSTIMO PARA PESSOAS FÍSICAS?
– Empréstimo pessoal (ou crédito pessoal não-consignado): linha de crédito com taxas mais altas do que as de consignado, com juros que podem variar de 2,07% a 9,78% ao mês, segundo o BC. Pode ser solicitado no banco do correntista ou nas instituições financeiras
– Consignado CLT (ou crédito pessoal consignado privado): destinado a funcionários de empresas privadas com carteira assinada
– Consignado para servidores públicos (ou crédito pessoal consignado público): linha reservada a funcionários públicos
– Consignado do INSS: opção para beneficiários ou pensionistas do INSS
As três linhas de consignado têm juros menores, uma vez que os descontos das parcelas são feitos diretamente na folha de pagamento, o que reduz o risco de inadimplência.
QUAIS AS TAXAS COBRADAS EM CADA LINHA DE CRÉDITO?
Segundo dados do BC divulgados no último relatório mensal de política monetária, as taxas médias das quatro linhas são:
– Empréstimo pessoal: 5,50% ao mês (ou 91,2% ao ano)
– Consignado para CLT: 2,78% ao mês (ou 38,9% ao ano)
– Consignado para servidor público: 1,87% ao mês (ou 24,9% ao ano)
– Consignado do INSS: 1,88% ao mês (ou 25,1% ao ano)
QUANTO O CONSUMIDOR PAGARÁ EM EMPRÉSTIMOS DE R$ 1.000, R$ 3.000 OU R$ 5.000
A reportagem solicitou simulações à Anefac (associação nacional de executivos de finanças) para empréstimos de R$ 1.000, R$ 3.000 e R$ 5.000, com 24 meses de prazo para pagar. Os cenários levam em conta as taxas médias do relatório de política monetária do BC.
Empréstimo no valor de R$ 1.000:
– Crédito pessoal não consignado: 24 parcelas de R$ 76,04. Total: R$ 1.824,96
– Consignado CLT privado: 24 parcelas de R$ 57,66. Total: R$ 1.383,84
– Consignado servidor público: 24 parcelas de R$ 52,10. Total: R$ 1.250,40
– Consignado INSS: 24 parcelas de R$ 52,16. Total: R$ 1.251,84
Empréstimo no valor de R$ 3.000:
– Crédito pessoal não consignado: 24 parcelas de R$ 228,11. Total: R$ 5.474,64
– Consignado CLT privado: 24 parcelas de R$ 172,97. Total: R$ 4.151,28
– Consignado servidor público: 24 parcelas de R$ 156,29. Total: R$ 3.750,96
– Consignado INSS: 24 parcelas de R$ 156,47. Total: R$ 3.755,28
Empréstimo no valor de R$ 5.000:
– Crédito pessoal não consignado: 24 parcelas de R$ 380,18. Total: R$ 9.124,32
– Consignado CLT privado: 24 parcelas de R$ 288,28. Total: R$ 6.918,72
– Consignado servidor público: 24 parcelas de R$ 260,48. Total: R$ 6.251,52
– Consignado INSS: 24 parcelas de R$ 260,78. Total: R$ 6.258,72
QUAIS AS TAXAS COBRADAS EM CADA BANCO?
As taxas em cada modalidade de crédito variam entre os bancos. O relacionamento do cliente com o banco e outras condições, como valor de entrada, podem interferir nas taxas a serem oferecidas.
Na última quinta-feira (17), o governo federal reduziu os juros do consignado do INSS. As taxas caíram de 1,97% para 1,91% ao mês para o empréstimo pessoal consignado após redução da Selic. No cartão de crédito consignado e no cartão de benefício, também houve redução, de 2,89% para 2,83%.
O Banco Central publica periodicamente estatísticas sobre as taxas de juros médias praticadas pelas instituições financeiras. O consignado para funcionários privados fica entre 1,58% e 2,99% ao mês. Para servidores públicos, varia entre 1,40% e 2,05% mensais.
Confira as taxas publicadas pelo BC. Os dados são referentes ao período de 31 de julho a 4 de agosto anteriores à mudança dos juros do consignado do INSS anunciadas na quinta. Além disso, o Banco Central anunciou a redução da Selic no dia 2 de agosto.
Taxas de juros ao mês de bancos e instituições financeiras em cada linha de crédito Os dados são referentes ao período de 31 de julho a 4 de agosto
Instituição financeira – Empréstimo pessoal – Consignado CLT privado – Consignado servidor público – Consignado INSS
Banco do Brasil – 4,11% – 2,18% – 1,80% – 1,92%
Banrisul – 4,24% – 2,99% – 2,00% – 1,76%
Bradesco – 6,82% – 2,76% – 1,84% – 1,88%
C6 – 3,27% – Sem dados – Sem dados – Sem dados
Caixa – 2,62% – 2,08% – 1,61% – 1,82%
Daycoval – 7,30% – 1,58% – 2,05% – 1,95%
Inter – 2,07% – 2,59% – 1,72% – 1,84%
Itaú – 3,86% – 2,90% – 1,69% – 1,97%
Mercantil – 9,78% – Sem dados – Sem dados – 2,01%
Nu Financeira – 6,88% – Sem dados – 1,40% – Sem dados
Pan – 2,90% – Sem dados – 2,01% – 1,86%
Santander – 4,44% – 2,73% – 1,66% – 1,81%
Fonte: Banco Central
A Caixa Econômica Federal havia reduzido, no início de agosto, os juros do consignado, de 1,74% para 1,70% ao mês logo depois da queda da Selic. O Banco do Brasil disse que também reduziu as taxas dessa linha de crédito, de 1,81% para 1,77% ao mês (faixa mínima), e de 1,95% para 1,89% (patamar máximo).
No Itaú, o empréstimo pessoal tem taxa a partir de 1,81% mensais. Segundo o banco, o prazo para pagamento vai até 72 meses, com valor mínimo de R$ 80 para a contratação. O consignado do INSS pode ser parcelado em até 84 vezes.
O PagBank informou as taxas das três linhas de consignado. Para funcionários CLT com FGTS, há juros a partir de 1,97% ao mês. Já as opções para servidores públicos (Siape) e o consignado do INSS têm juros a partir de 1,86% ao mês. O banco não trabalha com empréstimo pessoal sem ser consignado.
QUAIS OS LIMITES DE CADA LINHA DE CRÉDITO?
O empréstimo pessoal não tem um limite estipulado, e depende da aprovação da instituição financeira. Os consignados (descontados na folha de pagamento) não podem ter parcela superior a 35% da renda líquida mensal do cidadão.
QUAIS OS CUIDADOS AO NEGOCIAR UM EMPRÉSTIMO?
O consumidor deve buscar saber qual o CET (Custo Efetivo Total) do contrato de empréstimo oferecido pela instituição. O CET inclui a taxa de juros e os demais encargos para operações financeiras.
Além disso, o número das parcelas influencia o valor total a ser pago. Quanto mais parcelas, maior será o custo final do empréstimo.
Sobre as modalidades de crédito consignado, a dívida segue ativa caso o funcionário seja desligado. O ideal é que o cidadão renegocie o débito, deixe clara essa situação para o banco e busque condições melhores para o pagamento.
VINÍCIUS BARBOZA / Folhapress