SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A cidade de São Paulo registrou, em pleno inverno, um dos dias mais quentes do ano nesta quarta-feira (23). Debaixo do sol forte, trabalhadores tiveram que se virar para lidar com o calor atípico para a estação.
“Tá fogo, em dias quentes como este a gente se reveza a cada meia hora, porque fica muito calor”, conta o pasteleiro Mitsuro Omini, 54, que trabalhava em uma feira livre na região da Pompeia, zona oeste.
Às 11h, a estação meteorológica do Mirante de Santana registrava 30° C, mas ao lado da fritadeira a sensação de calor era ainda maior. “Trouxe cinco litros de água para passar o dia e pelo jeito vai faltar”, disse Omini.
Na mesma região, o padeiro Danilo Souza, 40, já enfrentava a temperatura elevada antes mesmo de amanhecer, devido ao calor gerado pelo forno industrial na panificadora em que trabalha. “Eu sou baiano, então gosto do calor, mas o ar seco de São Paulo me incomoda muito. O exaustor da cozinha ajuda, mas temos que sair de vez em quando para refrescar, ou abrir a janela para o ar circular”, disse.
Em dias como este, manter-se hidratado é essencial. Beber água é um dos poucos recursos que o encarregado de obra Cícero Evandro, 55, tem para aliviar o calor. “Eu tenho que usar uniforme para não me queimar, mas parece uma sauna, suo muito ao longo do dia”, disse ele, enquanto trabalhava em obra na avenida Pompeia, sob o sol do meio-dia.
No início da tarde, o motoboy Gustavo Fontana, 23, já tinha rodado mais de 200 km fazendo entregas pela cidade. “Esse horário para mim é o pior, porque tem pouca sombra”, disse o autônomo, que vestia um casaco de moletom para proteger os braços do sol forte. “Em todo lugar que eu paro, tento tomar pelo menos dois copos d’água para aliviar”, relatou o jovem.
No vale do Anhangabaú, região central, jardineiros, varredores, coletores de lixo e outros profissionais buscavam se refrescar na sombra das árvores e no viaduto do Chá.
“A gente acaba se acostumando, temos que trabalhar com sol ou com chuva”, disse o varredor Anderson Silva, 47, que encerrava o turno às 14h. “O pessoal que entra agora sofre mais, pois já começa o serviço com o sol forte”.
Acostumado com o clima do Rio de Janeiro, cidade em que nasceu, o coletor de resíduos Marcos Aurélio, 53, diz “tirar de letra” o calor desta quarta. “Os colegas daqui de São Paulo é que sofrem, porque são acostumados com o clima mais ameno nessa época”, disse ele, que tinha o rosto protegido por um chapéu de abas largas, indispensável para o trabalho na rua.
LEONARDO ZVARICK / Folhapress