RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Rio de Janeiro vai investigar as imagens enviadas pela família de Thiago Menezes Flausino, morto em ação da Polícia Militar no início deste mês. Os parentes do adolescente de 13 anos entregaram à Delegacia de Homicídios gravações de câmeras de segurança que mostram a movimentação momentos antes da morte do jovem, na Cidade de Deus, na zona oeste.
Thiago foi morto enquanto andava na garupa de uma moto na madrugada de 7 de agosto. Segundo testemunhas, o garoto foi atingido por tiros que partiram de um policial militar. O caso é investigado pela delegacia especializada e pela Corregedoria da PM. A corporação informou ter afastado do serviço seis agentes envolvidos no ocorrido. Eles também foram transferidos para outro batalhão.
Inicialmente, a Polícia Militar tinha dito que Thiago morreu em confronto com os policiais. Nessa primeira versão da PM, os agentes alegaram ter trocado tiros com o adolescente e que, no local, encontraram uma pistola. As imagens obtidas pela família do garoto, porém, contestam isso.
Nas gravações, não há nenhum tiroteio. Thiago aparece andando de moto na rua, que está movimentada. Segundo testemunhas, os agentes estavam dentro de um carro de passeio, sem qualquer identificação da PM. O veículo, um C4 Pallas prata, é visto nas imagens andando atrás do adolescente.
“Governador, todos sabemos que não houve confronto. Como o Thiago teria atirado num carro descaracterizado?”, questiona Hamilton Flausino, tio do jovem, em um vídeo enviado ao governador Cláudio Castro (PL). “Não houve confronto, foi uma execução.”
Castro se manifestou sobre as recentes mortes em ações da PM no dia 15 de agosto, uma semana após o garoto ter sido morto. Na ocasião, o governador prometeu punir os agentes se for constatado que eles não respeitaram o protocolo da corporação.
Em uma das imagens, Thiago aparece na garupa da moto com um amigo, passando por uma rua movimentada, por volta da 1h05 da manhã. Logo em seguida, o carro em que estariam os policiais segue o mesmo caminho do adolescente.
Segundos depois, ao fundo das imagens, três homens são vistos correndo em direção a uma via transversal. De acordo com as testemunhas, é esse o momento em que um dos agentes atira contra Thiago.
Uma outra câmera de segurança mostra o garoto já ferido no chão. Ele ainda está vivo, mas há sangue perto dele. Em seguida, aparece um policial militar, e Thiago para de se mover. Nos minutos seguintes da gravação, pessoas se aproximam do menino e se desesperam.
O carro do Batalhão de Choque só aparece no local quase dez minutos depois do ocorrido, à 1h14, conforme mostram as imagens.
Já o amigo de Thiago não foi atingido pelos disparos e fugiu do local. À Folha de S.Paulo disse estar com medo de andar na rua após o ocorrido.
A família de Thiago está sendo acompanhada pela Defensoria Pública. Na semana da morte do adolescente, o órgão entrou na Justiça pedindo à Polícia Militar que uma publicação criminalizando o jovem. A corporação deletou a postagem no dia seguinte, quando ela já tinha quase um milhão de visualizações.
CAMILA ZARUR E YURI EIRAS / Folhapress