SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, comentou no Twitter um meme crítico ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, recém-indicado por Lula (PT) à Corte.
Ela disse que a montagem, que ironiza o magistrado, é engraçada, “mas tem um tantinho de trágico”.
O vídeo começa com uma imagem de Zanin borrada. Em seguida, surge uma filmagem de Janja tirando seus óculos e limpando-os.
Quando a primeira-dama volta a colocá-los no rosto, já com as lentes limpas, consegue então ver que a imagem, igual à de Zanin, era na verdade de André Mendonça, ministro do STF indicado por Jair Bolsonaro (PL).
Um internauta postou o vídeo no Twitter perguntando quem era o autor do meme. Janja respondeu com um emoji de uma mulher com a mão no rosto, cobrindo os olhos, como se estivesse constrangida.
Em seguida, um internauta responde: “Parece que a @JanjaLula não gostou muito da sua postagem. Mas nós brasileiros não gostamos nada da indicação do Zanin pelo @LulaOficial”.
Ela, então, faz a tréplica: “O meme é engraçado, mas também tem um tantinho de trágico”.
A primeira-dama quebrou assim, de forma indireta, o silêncio que vinha mantendo sobre a escolha de seu marido para a mais alta corte do país.
Zanin vem sendo criticado por apoiadores de Lula pelo seu posicionamento em julgamentos sobre temas caros à esquerda.
Na quinta (24), ele votou contra a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal. O influenciador Felipe Neto e as deputadas federais Sâmia Bonfim (PSOL-SP) e Erika Hilton (PSOL-SP) foram às redes sociais criticar o ministro.
“Defenderei o voto no Lula em 2022 até a morte, mas classifico esse como seu maior erro até agora. Imperdoável, inexplicável e inaceitável. Temos agora 3 ministros ultraconservadores na corte”, escreveu Felipe Neto.
Já políticos de centro-direita e de direita felicitaram o voto do ex-advogado de Lula, como o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), líder da bancada evangélica no Congresso, o deputado bolsonarista Filipe Barros (PL-PR) e Magno Malta.
Na última semana, o ministro apresentou relatório para manter a condenação de dois homens acusados de furtar um macaco de carros, dois galões com combustível e uma garrafa enchida pela metade com óleo diesel –itens que, juntos, foram avaliados em R$ 100.
Neste caso, ele seguiu precedentes do próprio STF, já que um dos réus era reincidente.
Zanin foi também criticado por apoiadores de Lula por ter sido o único ministro do Supremo a votar contra a tipificação da homotransfobia como crime de injúria racial.
No voto, o magistrado sustenta a decisão com base em questões processuais, e afirma que a agressão pessoas LGBTQIA+ é grave no país.
Os recentes votos de Zanin ampliaram a pressão da base do presidente para escolher um nome mais à esquerda, de preferência uma mulher negra, para a vaga de Rosa Weber, que completará 75 anos em outubro e terá de se aposentar.
Aliados de Lula, tanto da ala política como jurídica, porém, dizem duvidar que as cobranças surtam algum efeito na decisão do petista, que busca lealdade e maior facilidade de diálogo no próximo integrante da corte.
MÔNICA BERGAMO / Folhapress