SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa de Valores brasileira iniciou a semana em alta, impulsionada por estímulos econômicos na China que se refletiram no bom humor dos agentes financeiros em escala global.
O índice Ibovespa fechou em alta de 1,1%, aos 117.120 pontos. No câmbio, o dólar encerrou os negócios estável, a R$ 4,874 na venda.
Animadas com as medidas do gigante asiático, as ações de mineração contribuíram para o desempenho positivo do Ibovespa, com ganhos de 1,6% da Vale, de 1,8% da Gerdau e de 0,7% da CSN.
Também entre os destaques de alta, a Natura avançou 2,1%, após anunciar que avalia uma potencial venda da rede de lojas The Body Shop.
O movimento do Ibovespa esteve alinhado ao observado nos mercados internacionais. Nos Estados Unidos, o S&P 500 avançou 0,63%, o Nasdaq teve valorização de 0,0,84% e o Dow Jones subiu 0,62%.
Na Ásia, o dia também foi marcado pelo aumento do apetite ao risco dos investidores, com alta de 1,2% do CSI 300 da China e de 1,8% do Nikkei do Japão.
A alta das ações vem após a China reduzir pela metade um imposto sobre as negociações de ações a partir desta segunda, na mais recente tentativa de impulsionar o mercado frente a uma economia que dá sinais de fraqueza.
O Ministério das Finanças do gigante asiático disse no domingo que cortará o imposto de 0,1% sobre as negociações de ações “para revigorar o mercado de capitais e aumentar a confiança dos investidores”.
O anúncio representa “mais uma medida para tentar restaurar a confiança dos investidores e reestimular os mercados de capitais”, dizem os analistas da XP, acrescentando que o governo também restringiu para controladores a venda de ações que caíram abaixo do preço do IPO.
A alta das ações nas Bolsas asiáticas veio em um dia no qual os papéis grupo imobiliário chinês Evergrande desabaram quase 80%. As ações voltaram a ser negociadas após uma suspensão de 17 meses, depois do cumprimento de exigências dos reguladores, como a publicação dos resultados financeiros.
A Evergrande, que já foi a maior empresa do setor imobiliário da China, anunciou um default (suspensão de pagamentos) em 2021 e tem mais de US$ 300 bilhões (cerca de R$ 1,4 trilhão) em passivos, o que a transforma em um símbolo da crise imobiliária chinesa que muitos temem que possa ter consequências para a economia mundial.
Os investidores também seguiram repercutindo as declarações do presidente do Fed (Federal Reserve, BC dos EUA), Jerome Powell, na última sexta-feira no simpósio de Jacson Hole, encontro que reúne os principais banqueiros centrais do mercado.
“Powell deixou claro que o Fed considera que ainda não há condições para dar por encerrado o ciclo de alta dos juros”, diz Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management.
A perspectiva de que os juros americanos sigam altos ainda por algum tempo impediu o avanço do real frente ao dólar.
No encontro no fim da semana passada nos EUA, a presidente do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, alertou que as recentes turbulências na economia global ameaçam causar mudanças duradouras, o que manteria as pressões inflacionárias em nível alto e complicaria o papel dos formuladores de políticas monetárias.
Olivares diz que a comunidade acadêmica e os banqueiros centrais estão começando a perceber que os efeitos da pandemia, e das ações para combater seus efeitos, serão duradouros e poderão representar mudanças estruturais.
Segundo ele, ficou claro após o simpósio de Jackson Hole que as autoridades monetárias têm mais dúvidas do que certezas sobre os próximos passos. “Por isso, mais do que nunca, as decisões serão tomadas uma de cada vez, sem muito espaço para sinalização dos próximos movimentos”.
LUCAS BOMBANA / Folhapress