SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – É possível dizer que o Garbage é algo como um supergrupo. Todos os membros já tinham carreiras de sucesso antes de criarem o quarteto, que mantém a mesma formação há três décadas.
Com alguns dos maiores hits do rock noventista, a banda faz sua terceira passagem pelo Brasil no The Town, que acontece na capital paulista, no início de setembro.
No começo dos anos 1990, o baterista Butch Vig já havia produzido alguns dos maiores discos de rock da década, em especial o grande “Nevermind”, do Nirvana, e “Gish”, dos Smashing Pumpkins.
Mas foi o restante de seu trabalho como produtor, com bandas que tocavam o mais básico e rudimentar do rock, que o inspirou a formar um novo grupo, com composição e gravação mais avançadas.
De início, Vig recrutou Duke Erikson, com quem já havia tocado na banda Spooner, e o engenheiro de som Steve Marker. O trio fez uma série de remixes para artistas como U2 e Depeche Mode, e a experiência os levou a formar uma banda, mas os vocais de Vig estavam insatisfatórios.
Foi nessa época que Marker assistiu ao clipe de “Suffocate Me”, da banda Angelfish, na MTV, e decidiu chamar a vocalista Shirley Manson para uma audição. Mais tarde, ela foi convidada a fazer parte da banda.
Era nessa época que o termo rock alternativo ganhava ampla popularidade pelo uso em publicações como a revista Spin e o jornal The New York Times. O disco de estreia homônimo do Garbage caiu bem nessa definição. A composição, gravação e produção teve todos os membros em cada parte do processo, e cada um deu sua contribuição para que “Garbage”, o álbum de 1995, fugisse do rock óbvio.
Vig quis deliberadamente se afastar do grunge pelo qual era conhecido. Ele chegou a declarar que as bandas mais interessantes na ativa no início dos anos 1990 eram as que “incorporavam elementos de punk, funk, techno e hip-hop”.
Os vocais de Manson são por vezes doces, por vezes agressivos, mas sempre assertivos. Ela escreveu todas as letras e lidou com temas densos, principalmente a depressão. O álbum é repleto de canções que, apesar das guitarras pesadas, ainda esbarram em melodias pop e até flertam com o dance.
O sucesso do Garbage foi tão grande quanto inesperado. Os frutos foram colhidos pela banda, que fez turnê por todo o ano de 1996, e também pelos membros separadamente. Manson, por exemplo, foi convidada a cantar no álbum de reunião da banda oitentista Echo & the Bunnymen.
A pressão para repetir o sucesso apertou a banda, mas o disco sucessor, “Version 2.0”, foi tão aclamado quanto e pôs o Garbage de vez no topo do cânone do rock alternativo. Na sequência, “Beautiful Garbage”, de 2001, e “Bleed Like Me”, de 2005, desfrutaram de sucesso parecido.
Manson disse ao The New York Times, há dois anos, que não esperava que o Garbage estivesse fazendo música juntos até hoje, 30 anos depois. “Somos discrepantes. Não nos enquadramos em nenhuma cena moderna. Sempre fizemos nossas próprias coisas. Acho que isso é muito raro.”
A definição é uma boa descrição da carreira do Garbage, que seguiu fazendo seu rock alternativo influenciado por música eletrônica, trip-hop e o que mais desse na telha apesar das constantes mudanças do que é considerado descolado na música pop moderna.
O grupo passou por um pequeno hiato durante os anos 2000 devido a desacordos, mas a separação durou pouco. Dezoito meses depois de cancelarem diversas datas de shows, a banda se reuniu novamente para um evento beneficente e lançou a compilação “Absolute Garbage”, em 2007. O próximo álbum de estúdio, porém, “Not Your Kind of People”, veio só em 2010.
Foi nessa turnê que a banda veio ao país pela primeira vez, para o festival Planeta Terra, em 2012. Em 2016, voltou a São Paulo e foi ao Rio de Janeiro.
O Garbage lançou mais um álbum, em 2021, mas o show que será apresentado no The Town é um grande compilado dos melhores momentos do grupo e uma comemoração de hits. A cereja do bolo é um cover de “Cities in Dust”, da Siouxsie and the Banshees, ideal para os nostálgicos.
GARBAGE NO THE TOWN
Quando Dia 9 de setembro, às 18h15, no palco Skyline
Onde Autódromo de Interlagos – av. Sen. Teotônio Vilela, 261, São Paulo
Preço Entradas esgotadas para o dia 9
AMANDA CAVALCANTI / Folhapress