RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O evento na CBF que sorteou a ordem dos mandos de campo na final da Copa do Brasil foi um retrato da diferença entre os momentos de São Paulo e Flamengo.
Enquanto o time tricolor paulista vive a animação pela proximidade de um título inédito, o rubro-negro transparece a tensão pelos problemas recentes e a “obrigação” de dar uma resposta numa temporada em que já viu cinco, quase seis, troféus ficarem pelo caminho em 2023.
Nos corredores e no auditório da CBF, a percepção foi de que os representantes do São Paulo curtiram mais o desfecho do sorteio: o segundo jogo da decisão será no Morumbi.
AS DIFERENÇAS
Os tricolores encararam o evento, em si, de forma mais aberta. Calleri, Rafinha, o técnico Dorival Junior e o presidente Julio Casares deram entrevistas mais longas aos jornalistas, após as perguntas feitas durante a transmissão oficial da CBF.
Calleri, inclusive, abriu um largo sorriso quando a bolinha com o escudo do clube foi tirada. No discurso, no entanto, o tom é de que o confronto é equilibrado.
“Estar aqui hoje é muito representativo, e estamos muito felizes por levar o São Paulo a mais uma final. Estamos com muita vontade de jogar. Jogamos contra um grande clube, mas temos muita vontade de levar a taça para o São Paulo e tomara que esse seja o ano”, disse Calleri.
Dorival evitou falar em revanche contra o Flamengo por ter sido demitido ao fim da temporada passada. Ele foi tirado do cargo mesmo com os títulos da própria Copa do Brasil e da Libertadores. O técnico do São Paulo, inclusive, cumprimentou e deu um abraço no presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, quando ambos se encontraram pouco antes do início do sorteio, já no auditório da CBF.
Já Rafinha interagiu bastante com Filipe Luís e Everton Ribeiro, já que o lateral esteve no Flamengo na vencedora era de Jorge Jesus. Rafinha também brincou que Calleri chegou a ficar arrepiado quando saiu a bolinha do São Paulo.
CONCISÃO E SILÊNCIO
No lado do Flamengo, semblantes mais fechados. Tanto dos dirigentes o vice de futebol Marcos Braz, o diretor de futebol Bruno Spindel e o presidente Rodolfo Landim- quanto do técnico Jorge Samapoli.
Nas respostas de Sampaoli, todas concisas, a visão de que “a diferença não vai ser o mando de campo, a dificuldade vai ser o São Paulo”. Depois dos jogos, o argentino tem precisado lidar com os questionamentos sobre o desempenho ruim do time mesmo quando eventualmente ganha. No fim de semana, o Flamengo empatou com o Inter por 0 a 0.
A assessoria do Flamengo disse inicialmente que os jogadores não dariam entrevistas após a transmissão oficial. Horas antes, o clube tinha confirmado a lesão de Arrascaeta, que dificilmente joga a decisão: mais um golpe nas pretensões do clube rubro-negro.
Entre os rubro-negros, Filipe Luís foi o único a quebrar o “protocolo” e falou com alguns jornalistas, mas não se estendeu muito, na comparação com os são-paulinos.
Braz e Spindel passaram por trás do bolinho de repórteres que o esperava na saída do auditório da CBF. Em sorteios anteriores, os dois já falaram e já transpareceram a preferência por fazer a segunda partida no Maracanã.
Depois do evento, Landim conversou informalmente com alguns repórteres que permaneceram na CBF após reunião do presidente do Flamengo com os dirigentes da CBF. O cartola rubro-negro reforçou que Sampaoli não será demitido, pelo menos até o fim do ano.
O tema troca de treinador, por outro lado, nem passa perto do São Paulo.
CASA OU FORA?
No São Paulo, o que anima é que, mesmo com o time saindo perdendo nos jogos de ida recentes (Corinthians, na Copa do Brasil, e San Lorenzo, na Sul-Americana), o time reagiu na volta, justamente como mandante.
Já o Flamengo jogou em casa contra o Olimpia, mas a vantagem não foi suficiente para sustentá-lo na Libertadores, pois perdeu na volta por 3 a 1.
IGOR SIQUEIRA / Folhapress