O Índice Mensal de Cesta Básica medido pela Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) aponta que, em agosto, o custo médio do kit de consumo ficou em R$610,98, uma redução de 5,32% em relação ao mês anterior.
Esta é a terceira queda consecutiva na inflação dos preços e o segundo mês em que se registra deflação da cesta básica desde que o Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB), braço de pesquisa da entidade ligado ao Departamento de Relações Jurídicas e Institucionais, começou a acompanhar e fazer o levantamento em abril deste ano.
“De maio para junho os preços aumentaram (1,02%) em velocidade mais lenta do que de abril para maio (+3,56%) o, o que mostra uma desinflação nos preços dos alimentos. De junho para cá, além da queda nos preços, tivemos também índices negativos de inflação (deflação), de 5,05% e 5,32%”, explica a analista do IEMB, Livia Piola.
Com os resultados negativos, a cidade fecha o período de junho a agosto com deflação dos alimentos acumulada 5,96%, ante -0,67% no trimestre entre maio e julho, depois de fechar o bimestre maio-junho com inflação acumulada de 4,16%.
“A inflação sobre os alimentos apresenta uma tendência de queda. Tais dados sinalizam uma dissipação dos choques que a economia e a oferta de alimentos sofreram com a pandemia”, aponta Piola.
Outros fatores que contribuíram para esse quadro nos supermercados e padaria foram a redução no preço dos combustíveis e de grãos e o dólar em queda.
“Além disso, produtos como milho têm tido maior oferta no mercado em função de safras recordes e de uma menor demanda chinesa com o surto da peste suína africana”, acrescenta a analista da Acirp.
A oferta maior de grãos, acrescenta Piola, reduz os gastos com insumos da pecuária, influenciando no preço final de carne e laticínios. “Do mesmo modo, o dólar mais baixo incide nos insumos agrícolas importados e provoca uma reação em cadeia no preço final dos alimentos”, diz.
Dos 13 produtos analisados, pão francês, banana nanica e óleo de soja não apresentaram diminuição de preços. O ‘vilão’ do preço do pãozinho foi o trigo, que apresentou grande oscilação nas cotações internacionais com o acirramento do conflito entre Rússia e Ucrânia. O levantamento de preços foi feito no último dia 13 em 11 supermercados e quatro padarias da cidade e não tem caráter fiscalizador.
Impacto no poder de consumo
O valor médio da cesta básica em Ribeirão Preto este mês consumiu mais da metade (50,74%) do salário mínimo de R$1.320,00, descontados os 7,52% da Previdência Social. Das 220 horas de trabalho mensais, 111,6 foram para pagar esse consumo.
A carne representa 36,88% dos gastos, seguida por frutas e legumes (27,51%), farináceos (21,45%), laticínios (7,03%), leguminosas (4,37%), cereais (1,96%) e óleos (0,8%).
Custo por Região
A zona Sul, apesar da queda de 1,88% no preço da cesta em relação a julho, apresentou o kit mensal mais caro do município em agosto (R$ 662,04).As regiões Oeste e Leste trouxeram cotações muito próximas: R$ 573,11 e R$ 571,47, respectivamente. Na Leste, que em julho possuía a cesta mais custosa de Ribeirão Preto, de R$ 705,82, a queda foi de -19%, puxada principalmente pela redução dos valores do corte de carne alcatra (desconto total de R$ 134,35).
Na Oeste, que custava R$ 543,87 e agora subiu 5,38%, o acréscimo foi de R$ 29,24. O preço da cesta na Norte teve queda de 1,45% e ficou em R$ 607,91, uma redução nominal de R$ 8,95. Na região Central, a cesta de R$ 649,12 teve queda de 6,28% em relação ao mês anterior, o que representou uma economia de R$ 43,54 em relação ao valor pago no mês passado.
Dados do estudo
A cesta utilizada baseia-se no Decreto Lei nº 399, que regulamenta o salário-mínimo brasileiro e apresenta o tipo e a quantidade de alimentos de acordo com a região administrativa brasileira. O custo médio total de uma cesta de consumo alimentar capaz de atender as necessidades energéticas e nutricionais de um indivíduo em idade representa para o índice da Acirp o marco da linha de indigência na cidade.
A lista inclui carne de alcatra (6 kg), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 kg), arroz branco tipo 1 (3 kg), farinha de trigo (1,5 kg), batata inglesa (6 kg), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).
Os locais de compra são determinados com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017-2018. O pão francês é o único item cotado também em padarias, por ser o local preferido por 60% dos ribeirão-pretanos para este tipo de compra.