SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O PIB (Produto Interno Bruto) da agropecuária mantém boa aceleração neste ano, em relação ao anterior. A evolução acumulada no primeiro semestre foi de 17,9%, em comparação a janeiro e junho de 2022.
Com isso, a taxa acumulada em quatro trimestres atinge 11,2%, o que dá uma boa gordura para o crescimento previsto de até dois dígitos em 2023. Até então, a maior taxa é a de 2017, quando o PIB da agropecuária teve evolução de 14,2%.
A taxa do segundo trimestre, em relação à do primeiro, registrou uma desaceleração de 0,9%, o que é normal porque no início do ano se concentram as principais culturas de grãos do país. O PIB dos meses de abril a junho deste ano, no entanto, foi 17% superior ao de igual período de 2022.
Além do bom desempenho da agricultura, a pecuária também está auxiliando nessa evolução. No segundo trimestre deste ano, os abates de bovinos aumentaram 11%, e os de frango, 5%. O setor de suínos, após a boa evolução em 2022, teve retração de 2%.
O PIB da agropecuária tem bom desempenho neste ano porque este é período de recordes de produção, e boa parte dela ocorreu no primeiro semestre.
Arroz, soja e milho concentram 92% de toda a produção nacional de grãos e 87% da área colhida. As safras dos dois primeiros produtos ocorreram nos seis primeiros meses do ano. O milho tem duas colheitas anuais, com o maior volume vindo da safrinha, que está sendo colhida agora e ainda deverá influenciar positivamente o indicador do terceiro trimestre.
O PIB do primeiro semestre reflete o bom desempenho dos produtos exportáveis, que tiveram aumento na produção e na produtividade, e uma queda dos alimentos básicos, que tiveram retração em ambas.
A líder soja atinge uma safra de 149 milhões de toneladas, nas contas do IBGE, com aumento de 24,5% no volume e de 17% na produtividade.
O milho, com estimativas de 125 milhões de toneladas, terá produtividade 10% superior à de 2022. A estimativa do IBGE é que 97 milhões desse volume ocorra na safrinha, cuja colheita continua no Sul.
Entre os alimentos básicos, o arroz tem um de seus piores desempenho no PIB. O cereal perde o posto de terceiro maior volume do país para o trigo, uma vez que a produção recua para 10 milhões de toneladas, 6% a menos do que em 2022.
O arroz está com a menor área de cultivo desde a década de 1970, quando foi iniciado o acompanhamento das estatísticas do setor. A produção nacional é a menor em 25 anos.
O feijão também apresenta declínio na área e terá menor participação no PIB. A redução do espaço dedicado à leguminosa é de 6,5% neste ano, com queda de 3,5% na produtividade da primeira e da segunda safras, segundo o IBGE.
O PIB da agropecuária deste ano vai mostrar uma recomposição da região Sul e um avanço ainda maior do Centro-Oeste. Líderes em evolução neste ano, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná vão ter, em média, aumento de 27% no volume de produção. Nos últimos anos, a região, principalmente o Rio Grande do Sul, teve fortes perdas devido a constantes efeitos climáticos.
O Centro-Oeste evolui 17%, com a produção subindo para 153 milhões de toneladas. O destaque fica para Mato Grosso que, pela primeira vez, supera os 100 milhões de toneladas produzidas de grãos. O estado é líder em soja e em milho.
No terceiro trimestre, o PIB deverá vir forte novamente, devido ao crescimento das safras de milho safrinha, algodão, trigo, café e cana-de-açúcar, produtos com peso nesse período do ano.
A safrinha do milho está prevista em 97 milhões de toneladas. Esse volume, se atingido, supera em 15% o do ano passado. A safra de algodão cresce 10%, e a de trigo, 7%. Ainda segundo o IBGE, a oferta de café arábica será 13% maior neste ano, e a de cana-de-açúcar, 7%.
MAURO ZAFALON / Folhapress