Número de famílias que cruzam fronteira dos EUA de forma ilegal bate recorde

BOA VISTA, RR (FOLHAPRESS) – O número de pessoas detidas tentando entrar nos Estados Unidos pela fronteira com o México acompanhadas de familiares chegou em agosto ao maior número já registrado em um mês. Foram ao menos 91 mil migrantes nesse grupo demográfico, montante que supera os 84,4 mil de maio de 2019, ainda durante a gestão de Donald Trump.

Os dados mostram ainda que o número total de migrantes detidos na fronteira no mês passou de 177 mil, o que representa um aumento de mais de 30% em relação a julho, que teve 132,6 mil detidos. Estes, por sua vez, representavam também outro aumento de cerca de 30% na comparação com junho, quando 99,5 mil buscaram essa rota e foram barrados pelas autoridades e patrulhas de fronteira.

Pessoas acompanhadas da família também se transformaram no grupo mais apreendido, superando pela primeira os adultos sozinhos desde o início do governo de Joe Biden. O democrata fez campanha e assumiu a Casa Branca prometendo uma abordagem mais humana no que se refere à imigração; na prática, porém, manteve vigentes algumas regras impostas por Trump, seu antecessor e adversário.

Durante a pandemia de Covid-19, a gestão do republicano criou o chamado Título 42, que permitia a expulsão de migrantes antes que eles pudessem pedir asilo, sob o argumento de que a entrada dessas pessoas seriam um risco sanitário ao país.

A regra foi derrubada em maio deste ano —não sem resistência de estados majoritariamente republicanos, que buscaram a Justiça contra o fim da regulação—, mas a gestão Biden criou novas normas que têm como objetivo dificultar o ingresso de pessoas em situação irregular.

Segundo a regra em vigor, todo imigrante que tenta entrar de forma irregular no país —ou seja, sem a documentação necessária e fora das rotas e canais oficiais disponíveis para dar entrada com o pedido de ingresso— é considerado automaticamente como inelegível para concessão de asilo. O imigrante nessas condições também precisa provar que tentou obter asilo em outro país e teve esses pedidos negados antes de cruzar a fronteira americana.

De acordo com Erin Heeter, uma porta-voz do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, o governo tenta desacelerar o fluxo de entradas ditas ilegais e endurece penalidades enquanto expande opções aceitas pela Justiça. “Todo ano, porém, os EUA veem fluxos e refluxos sazonais de imigrantes e traficantes de pessoas que usam a desinformação para encorajar o movimento pela fronteira”, diz Heeter.

A porta-voz também afirma que o governo aumentou o número de voos para deportar famílias em agosto, acrescentando que, desde maio, repatriou mais de 17 mil pais e filhos que cruzaram a fronteira em um grupo familiar.

A questão tem sido um elemento central das campanhas eleitorais ao menos desde que Trump concorreu ao cargo com bravatas como a de que construiria um muro na fronteira, algo que tem forte apelo principalmente junto ao eleitorado republicano.

“Quando Biden chegou e eliminou todas as políticas de Trump e estendeu um tapete de boas-vindas para o mundo todo dizendo que a fronteira está aberta, subitamente começou o caos”, disse o governador do Texas, o republicano Greg Abbott, em meio a grande aumento nos últimos anos do fluxo de migrantes.

O primeiro debate pela indicação do Partido Republicano à vaga na disputa presidencial contra Joe Biden —Trump não compareceu— evidencia a relevância e ao mesmo tempo a solidez do tema entre republicanos. O endurecimento das políticas migratórias foi unanimidade entre os pré-candidatos. Vivek Ramaswany, ele mesmo filho de imigrantes indianos e destaque do debate, tem como um dos lemas de campanha a frase “um fronteira aberta não é uma fronteira”.

Redação / Folhapress

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