Demi Lovato, que leva rock ao The Town, deu adeus ao pop após quase morrer

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Demi Lovato está se sentindo renovada. É o que ela tenta dizer com o “Revamped”, álbum a ser lançado no próximo dia 15, em que reúne versões roqueiras dos seus maiores hits, como “Cool for the Summer” e “Heart Attack”. Aos 31 anos, a ex-estrela da Disney almeja enterrar a persona pop que a fez famosa ao longo da última década.

Lovato subiria ao palco principal do festival paulistano The Town neste sábado, dia 2 de setembro, quando o evento começa no Autódromo de Interlagos, onde segue até o dia 10. O show dela ocorreria às 20h50.

A americana, que se apresentou três vezes no Brasil no ano passado com a turnê do disco “Holy Fvck” (2022), deve trazer ao The Town uma versão parecida daqueles shows, nos quais aposta em arranjos cheios de guitarras e baixos barulhentos.

Existe ainda a expectativa de que Lovato convide ao palco a brasileira Luísa Sonza, que fez a americana cantar em português pela primeira vez na na faixa “Penhasco2”, lançada nesta semana com o disco “Escândalo Íntimo”. Vídeos que mostram as duas artistas ensaiando a música no The Town circularam nas redes sociais nesta sexta-feira, quando Lovato desembarcou no Brasil.

No último álbum de Lovato, o “Holy Fvck”, ela faz rock sobre masturbação e religião, diz que teve um encontro com Deus, grita que é uma puta santa e desabafa sobre seu histórico de dependência química.

São sinais de uma artista que quer amadurecer aos olhos do público e deixar para trás as músicas sobre romance adolescente dos seus primeiros discos, lançados enquanto ela ainda era uma atriz do canal de TV fechada da Disney.

Se antes suas preocupações eram poder usar vestido com tênis, como canta em “La La Land”, de 2008, ou as idas e vindas de seus namoricos escritos nas letras de “Don’t Forget” e “Here We Go Again”, lançadas quando ela tinha 16 anos de idade, agora Lovato quer ser vista como a mulher adulta que é.

“É interessante. Eu tocava músicas que são sobre términos de relacionamento e pensava na pessoa. Hoje em dia eu as apresento e não penso na pessoa para quem eu as escrevi”, contou ela à revista Rolling Stone. “É diferente. Acho que, à medida que você amadurece, você segue em frente e as músicas passam a significar coisas diferentes para você.”

Não é que a cantora tenha vergonha do início de sua carreira. Tanto é que ela diz ter tido o ímpeto de regravar suas músicas antigas com uma nova roupagem justamente porque quer continuar tocando-as ao vivo.

A vontade de se renovar como artista e como pessoa parte também da overdose que Lovato sofreu em 2018 e que quase a matou.

Um mês após lançar “Sober”, música em que confessava não estar sóbria, a cantora usou um amontoado de drogas numa madrugada, sofreu três derrames, uma parada cardíaca, pneumonia e falência múltipla dos órgãos. Seus médicos disseram que cinco minutos a mais poderiam tê-la matado.

Ela conta ainda ter sido estuprada pelo traficante que lhe vendeu as drogas no documentário “Dancing with the Devil”, em que narra a sua overdose em quatro vídeos, lançados quase um ano após o ocorrido. “Me encontraram nua. Ele me deixou na cama para morrer depois de se aproveitar de mim”, diz ela no vídeo.

Dois anos após a overdose, Lovato transformou a experiência de quase morte em música. No disco “Dancing with the Devil… The Art of Starting Over”, ela canta sobre ter dançado com o diabo, versa sobre sua estadia na UTI e afirma ter virado uma mestre na arte de recomeçar a vida.

Não foi a primeira vez que Lovato teve problemas com drogas. Em 2010, a cantora precisou cancelar uma turnê com a banda Jonas Brothers para ir a uma clínica de reabilitação –espaço que ela visitou outras vezes depois disso. No ano passado, Lovato contou no podcast “Call Her Daddy” que começou a usar drogas aos 12 anos, e que experimentou cocaína aos 17.

Lovato tinha 9 anos quando deu pontapé na sua carreira artística atuando no seriado infantil “Barney e Seus Amigos”. Anos depois, foi escalada pela Disney para protagonizar o filme “Camp Rock”, lançado em 2008. No mesmo ano, lançou “Dont Forget”, seu primeiro disco.

Lovato fez tanto sucesso no longa que depois ganhou o papel principal do seriado “Sunny Entre Estrelas”, exibido no canal de TV Disney Channel a partir de 2009. No ano seguinte, ela lançou “Camp Rock 2”. Em 2011, saiu da Disney para se dedicar à carreira de cantora, lançando álbuns que mesclam pop e R&B nos anos seguintes.

Após ficar reclusa por causa da pandemia, Lovato usou suas redes sociais em 2021 para dizer que começou a se identificar como uma pessoa não-binária e que gostaria de ser chamada com o uso de pronomes neutros. Só se passou um ano até que ela voltasse a adotar os pronomes femininos.

“Ultimamente tenho me sentido mais feminina. Todo mundo se confunde com pronomes, sobretudo quando está aprendendo sobre si mesmo. É uma questão de respeito”, disse ela ao podcast “Spout” em agosto do ano passado.

Após sofrer com a fama, Lovato parece estar finalmente no controle de sua vida e de sua carreira. Tanto é que vai lançar um documentário chamado “Child Star”, algo como “criança estrela” em português, no qual vai contar como crescer debaixo dos holofotes pode mudar a vida de alguém para sempre.

GUILHERME LUIS / Folhapress

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