Bienal do Livro tem fãs esperando 12 horas de longo para valsar com Julia Quinn

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Eram sete da manhã, as portas da Bienal ainda estavam longe de abrir e já tinha gente plantada na porta esperando para entrar na dança de Julia Quinn. Que seria às sete da noite.

As senhas para o Baile da Realeza, um evento especial com pompa de “Bridgerton” programado pela editora Arqueiro, só seriam distribuídas uma hora antes da festa. A fila, repleta de meninas vestidas de longo que pareciam debutantes tropicais, só cresceu até lá.

A irritação foi crescendo conforme avançou a tarde, polvilhada por gritos contra aparentes fura-filas e um clima de inquietação e suor que empapava as mais diversas rendas. O estouro da manada, às 18h, teve ar de alívio e catarse.

“Julia, cadê você, eu vim aqui só para te ver”, cantava o público majoritariamente feminino já instalado, perto das 19h20, dentro do maior palco do evento no Pavilhão Azul. As cadeiras da plateia foram retiradas, abrindo espaço para que todas continuassem de pé entre panos brancos e arquibancadas curiosas.

Julia, para quem não sabe, é uma das maiores best-sellers no Brasil hoje, emulando uma Jane Austen dos tempos modernos. A americana é responsável pelos livros da série “Os Bridgertons”, que arrebatou corações principalmente depois da série de enorme sucesso da Netflix.

Ela chegou pouco depois de uma apresentação de duas mestras de cerimônia que misturavam a empolgação ao evidente calor sob os panos pesados. O figurino foi levado extremamente a sério –e muita gente vestiu máscaras nos olhos que, lamentavelmente, lembravam um pouco demais outra série, “Cinquenta Tons de Cinza”.

Sentada num trono acolchoado de espaldar alto no palco, Quinn se mostrou gentil e um pouco envergonhada –claramente assoberbada por uma multidão tomada pela emoção– ao dar respostas curtas traduzidas por sua editora.

“Eu sonho alto, mas nunca sonhei tão alto”, disse, ao pensar a repercussão de sua série em países como o Brasil. Ao ser questionada sobre a razão do impacto de seus romances de época, ela ponderou que eles são capazes de “nos fazer escapar da realidade até mais do que os contemporâneos”.

Depois da entrevista, atores com vestidos de época valsaram de par em par numa clareira aberta em meio ao público, que continuava vendo eriçado. No fim, os cem fãs que haviam chegado mais cedo –põe cedo nisso– foram recompensados subindo ao palco para tirar fotos com a autora. Parece que o jogo virou.

A Bienal do Livro, que teve um dia muito mais abarrotado que o primeiro, um efeito absolutamente esperado para o sábado, continua neste domingo, quando aparecerão duas outras popstars jovens da festa, Cassandra Clare e Holly Black.

WALTER PORTO / Folhapress

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