ARACAJU, SE (FOLHAPRESS) – Na televisão desde que tinha apenas 12 anos e destaque em novelas dedicadas ao público infanto-juvenil, Kayky Brito marcou a geração dos anos 2000 com papéis diferentes em sua carreira. Por isso, o público tem torcido por sua recuperação após um atropelamento no bairro da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, na madrugada do último sábado (2).
Kayky começou sua carreira em um fenômeno: na última temporada da primeira versão da novela “Chiquititas”, em 2000, produzida pelo canal argentino Telefe e exibida pelo SBT. Curiosamente, seu começo na TV foi com sua irmã mais velha, a atriz Sthefany Brito, que também seguiu carreira artística.
Após chamarem a atenção na concorrente, a Globo contratou a dupla de irmãos. Sthefany se destacou primeiro, em “Um Anjo Caiu do Céu” (2001), enquanto Kayky teria o primeiro auge da curta carreira até então logo em seguida.
Seu primeiro protagonista foi logo em “O Beijo do Vampiro” (2002), como o vampirinho Zeca, um garoto que descobre ser filho de um poderoso conde, o vampirão Bóris (Tarcísio Meira).Por causa do papel, Kayky passou a ser figura muito quista em aniversários de 15 anos de jovens pelo Brasil e virou um ídolo infantil lembrado até os dias de hoje.
A novela também o fez ser campeão de cartas na Globo entre 2002 e 2003. Ele chegava a receber 2 mil correspondências por dia, superando até mesmo os protagonista de “Malhação” (1995-2022), que na época eram os campeões.
Após “O Beijo do Vampiro”, Kayky recebeu uma proposta de Walcyr Carrasco, que então desenvolvia uma novela para o horário das seis após os êxitos de “O Cravo e a Rosa” (2000) e “A Padroeira” (2001). A conversa estranhou: Walcyr queria Kayky para que ele interpretasse um menino que era criado como uma menina nos anos 1920, período em que se passava o folhetim.
A novela era “Chocolate com Pimenta” (2003), que se tornou um clássico recente das novelas. Kayky fez Bernadete, filha de Jezebel (Elizabeth Savalla), a vilã da trama. O descobrimento de seu verdadeiro gênero foi um assunto nacional: a cena, na exibição original, chegou a picos de 41 pontos de audiência na Grande São Paulo, um dos maiores do folhetim.
Após isso, Bernadete virou Bernardo. Mas a vida de Kayky virou um pequeno inferno. Por ser adolescente no ensino médio, com 15 anos, ele sofreu zoações e bullying de colegas de colégio e nas ruas por aparecer na TV vestido de mulher. “Houve momentos em que pensei em desistir”, contou o ator à época em entrevista para a Folha de S. Paulo.
Logo após a produção, Kayky emplacou papéis em outras novelas na Globo, como “Começar de Novo” (2004), “Alma Gêmea” (2005), “Cobras e Lagartos” (2006), “Sete Pecados” (2007), “Três Irmãs” (2008) e “Passione” (2010), mas sem muito brilho.
Ficou um tempo afastado das tramas, até ser convidado para retornar em “Alto Astral” (2015). Entre 2012 e 2017, morou nos Estados Unidos e se graduou em cinema, até retornar ao Brasil logo em seguida.
Chegou a fazer nos últimos anos novelas bíblicas da Record, como “O Rico e Lázaro” (2017) e “Gênesis” (2021), esta última seu papel mais recente na televisão. Na Globo, o trabalho mais recente foi “Verão 90” (2019).
Kayky foi transferido para o hospital Copa D’or após ser atendido no Miguel Couto. Segundo o último boletim médico do hospital, Kayky está em estado grave, mas estável, e respirando com ajuda de aparelhos. Ele segue na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do local.
GABRIEL VAQUER / Folhapress