Criminosos têm usado dados de usuários para acessar as contas do aplicativo Caixa Tem e fazer saques dos depósitos de benefícios como o Saque Extraordinário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
As contas invadidas são aquelas criadas automaticamente para que os trabalhadores recebam os valores depositados pela Caixa Econômica Federal. No caso do FGTS, os saques extraordinários são de até R$ 1 mil.
O designer gráfico Elder Lopes passou por um golpe ao tentar sacar o FGTS. Após tentar entrar no aplicativo, ele havia pensado que esqueceu a senha. Só percebeu que caiu em um golpe quando foi até a agência do banco resolver o problema.
“O funcionário informou que eu já havia sacado o dinheiro para pagar dois boletos no mercado. Mas não fui eu e não passei meus dados para ninguém”. O designer foi até uma delegacia para fazer um boletim de ocorrência. Após algumas semanas, ele recebeu os valores roubados e conseguiu ter a senha de acesso ao aplicativo alterada.
Os criminosos se aproveitam de dados vazados na internet, como CPF, RG e e-mail, ou por golpes de phising, por meio do envio de links para obter dados pessoais.
A partir destas estratégias, eles acessam contas já existentes de usuários ou até mesmo criam novas em nome destas pessoas.
O sócio líder de Serviços Financeiros da Grant Thornton Brasil, Thiago Brehmer, explica que os golpistas geram uma nova conta, conseguem passar por mecanismos de verificação e criam a senha de acesso, operando os recursos disponibilizados no Caixa Tem.
Como se prevenir contra o golpe do FGTS?
Brehmer ressalta a importância de não digitar dados pessoais e senhas em sites desconhecidos, assim como não enviá-las por telefones e Whatsapp. Os usuários também não devem clicar em links recebidos por e-mails e SMS. “Muitas vezes são formas que os criminosos encontram para acessar seu celular e computador e conseguir essas informações”, diz.
A sugestão para evitar invasões no aplicativo de saque do FGTS é criar a conta assim que souber que está apto para receber o benefício, a fim de completar todos os passos com informações verídicas do usuário.
Outras dicas de Brehmer são não compartilhar os dados bancários da Caixa Econômica fora do Caixa Tem, não validar senhas por meio de outros aplicativos e procurar o aplicativo oficial do banco na App Store ou no Google Play, que são confiáveis.
Como recuperar o dinheiro perdido?
Em caso de ter caído no golpe do Saque Extraordinário, a advogada especialista em Direito Digital Paula Rodrigues orienta reunir evidências que comprovem que o usuário não foi a pessoa a sacar o valor – por prints ou extratos.
Também é preciso contatar a instituição para reportar o crime, seja comparecendo na agência ou acionando o canal de denúncias do banco. É recomendado, ainda, a realização de um boletim de ocorrência. “Se existir alguma circunstância que viole o direito do usuário, ele pode buscar uma solução por meio do Poder Judiciário, amparado pelas provas do ocorrido”, avalia a especialista.
jornal O Estado de S.Paulo