PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – A formação de mais um ciclone extratropical sobre o litoral sul provoca chuva forte desde o final de semana no Rio Grande do Sul, onde causou quatro mortes nesta segunda (4). Até o final da tarde, havia registro de danos em pelo 21 municípios gaúchos.
Nesta terça (5), o fenômeno deve ser sentido na região Sudeste, conforme se movimentar pelo oceano Atlântico. A previsão é que São Paulo tenha pancadas de chuva e rajadas de vento que devem persistir até a sexta (8), segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
As regiões mais afetadas estão na metade norte do Rio Grande do Sul, onde vigorou alerta vermelho para tempestades até as 18h desta segunda, segundo o Inmet. Isso significa que tais regiões passaram por “grande perigo”, com chuva de 50 mm a 100 mm por dia, rajadas de vento intensas (de 60 e 100 km/h) e queda de granizo. A partir das 18h, o alerta foi atualizado para laranja (‘perigo”).
O restante da região Sul, assim como parte de Mato Grosso do Sul, também estão em alerta laranja. São Paulo, Rio de Janeiro e o sul de Minas Gerais, por ora, estão em alerta amarelo (“perigo potencial”).
Em Porto Alegre chove forte desde domingo (3). Até quarta-feira (6) a capital gaúcha deve também ultrapassar o volume de chuvas previsto para setembro. O alagamento atingiu o Acampamento Farroupilha, no Parque Harmonia, próximo à orla do lago Guaíba, em que gaúchos tradicionalistas ficam alojados nos “piquetes” até o Dia do Gaúcho, em 20 de setembro.
À tarde, um trecho da ciclovia da avenida Ipiranga, uma das principais da cidade, despencou sobre o arroio Dilúvio, que atravessa a capital gaúcha e deságua no lago Guaíba. Foi o segundo desabamento na mesma ciclovia em razão da chuva em dois meses. Em 12 de julho, também em razão de um ciclone extratropical, outro trecho cedeu e ainda está interditado.
MORTES
No Rio Grande do Sul, a primeira morte foi registrada em Mato Castelhano, município com 2.553 pessoas que fica na região norte do estado. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o rio Piraçuce transbordou e arrastou um veículo na área rural do município, por volta das 5h desta segunda-feira. Uma das pessoas conseguiu fugir da correnteza, mas outra foi encontrada sem vida no rio. A vítima era Cristiano Schuslei, 41 anos.
A segunda morte ocorreu por volta das 9h em Passo Fundo, no bairro Entre Rios, que está alagado. Neri Roberto Gonçalves da Silva, 67, foi atingido por uma descarga elétrica no terreno de casa. Ele chegou a ser socorrido e hospitalizado, mas não resistiu.
Passo Fundo, que fica na região do planalto, a cerca de 300 quilômetros de Porto Alegre, é um dos municípios mais afetados pela chuva. Desde sexta-feira (1º) choveu mais de 300 mm na cidade, volume bem maior do que o esperado para o mês (165 mm).
As demais mortes ocorreram em Ibiraiaras, a cerca de 90 quilômetros de Passo Fundo. Segundo a prefeitura da cidade, as vítimas Delve Franscecatto e Ironi de Fátima Francescatto tentaram atravessar de carro uma ponte alagada sobre o rio Mormaço e foram arrastados pela correnteza. O carro, um Ka, foi encontrado pela manhã completamente destruído. A prefeitura não soube informar as idades das vítimas.
“A água deste rio costuma ser tão fraca que não o chamamos de rio, chamamos de sanga. Nunca havíamos visto a água correr ali com tamanha violência”, disse o vice-prefeito de Ibiraiaras e coordenador da Defesa Civil local, Claudinei Rech.
CAUE FONSECA / Folhapress