SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Logo em sua primeira convocação como técnico da seleção brasileira feminina, Arthur Elias reuniu nove jogadoras do Corinthians. Quase um terço das 30 atletas da lista.
O número chamou a atenção, mas não é injustificável. É excelente o histórico recente da equipe, que continuará a ser dirigida pelo paulista de 42 anos por mais um mês e meio, antes que ele passe a se dedicar exclusivamente à formação nacional.
Estão na relação Letícia, Tamires, Luana e Duda Sampaio, quarteto que também esteve na última Copa do Mundo, além de Kemelli, Yasmin, Katiuscia, Gabi Portilho e Jheniffer.
São jogadoras que foram fundamentais para o time do Parque São Jorge se manter como o mais vitorioso da modalidade no país nos últimos anos. Foi justamente esse sucesso o motivo pelo qual Arthur foi escolhido para substituir a sueca Pia Sundhage, demitida após o fracasso do Brasil no Mundial realizado na Oceania.
As nove atletas chamadas têm uma média de 105 partidas disputadas com a camisa alvinegra. A maioria está no clube há ao menos três temporadas e o ajudou a conquistar parte significativa dos 14 títulos acumulados nas últimas sete temporadas, desde que o futebol feminino corintiano foi reativado.
Nenhuma equipe feminina do país teve tantas conquistas no período.
Nesta quinta-feira (7), Arthur Elias conta com suas atletas de confiança para ficar próximo de encerrar seu ciclo na equipe paulista com chave de ouro, ao lutar pelo quinto título nacional.
Responsável pela eliminação do Santos nas semifinais, o Corinthians vai à Fonte Luminosa, em Araraquara, para a primeira partida da decisão do Campeonato Brasileiro, contra a Ferroviária. A partida de volta será no domingo (10), às 16h, na Neo Química Arena. A TV Globo e o SporTV transmitirão os dois jogos.
“É o time a ser batido”, disse Jéssica de Lima, treinadora do time do interior paulista desde a temporada 2022. “Ele [Elias] foi a melhor escolha [para a seleção]. Tenho admiração muito grande pelo Corinthians e pelo trabalho que eles executam.”
Nem todos, porém, aprovam as escolhas de Arthur. Ricardo Belli, técnico do Palmeiras, criticou o fato de nove corintianas terem sido convocadas, enquanto apenas duas palmeirenses fizeram parte da lista: Bia Zaneratto e Amanda Gutierres.
“Se fosse o Diniz fazendo isso no masculino, eu garanto que estaria todo o mundo dando porrada”, esbravejou o comandante alviverde. “O futebol feminino, às vezes, é terra de ninguém.”
O rival também subiu o tom. “Não sei como ele tem essa opinião. A equipe do Palmeiras, nos confrontos que tivemos, nunca me venceu, exceto um jogo em que coloquei a categoria de base.”
A hegemonia preta e branca tem sido quase total no Brasileiro. Só a própria Ferroviária, de 2018 para cá, conseguiu desbancar o Corinthians, na edição de 2019, em uma final decidida nos pênaltis. A agremiação do Parque São Jorge ergueu a taça em 2018, 2020, 2021 e 2022.
O Corinthians levou ainda três títulos da Copa Libertadores que, em sua versão feminina, não tem proporcionalmente o peso que a disputa masculina tem em relação aos outros campeonatos. Vencedor em 2017 em parceria com o Audax e já com gestão independente em 2019 e 2021, o clube buscará o tetra na Colômbia.
Será no certame continental que Elias vai se despedir oficialmente do clube do Parque São Jorge. A edição que será realizada de 5 a 21 de outubro, nas cidades de Bogotá e Cali, será o último desafio do técnico antes de ele partir definitivamente à seleção brasileira.
LUCIANO TRINDADE / Folhapress