CURITIBA, PR E LAJEADO, RS (FOLHAPRESS) – O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou na tarde desta quarta-feira (6) que vai assinar um decreto de situação de calamidade pública em razão das enchentes no estado. O decreto está em elaboração e deve ser publicado até o fim da tarde.
Leite também afirmou que, em acordo com o Exército, cancelou os desfiles de 7 de Setembro em todo o estado. Para os desfiles do Dia da Independência, estava previsto o emprego de efetivo e viaturas das forças de segurança. Segundo o governador, 180 militares do Exército estão envolvidos nos trabalhos de apoio à população mais afetada com as enchentes.
Em entrevista à imprensa, ele disse que se trata da “maior tragédia natural que se tem registro no Rio Grande do Sul” e que viu um cenário “desolador” após sobrevoar alguns municípios do Vale do Taquari, na região central do estado.
Na manhã desta quarta, Leite sobrevoou a região junto com representantes do governo federal, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, e o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. Ele disse ainda ter recebido um telefonema do presidente Lula (PT).
Segundo o governo do RS, há 18 rodovias com bloqueios totais ou parciais, em função do transbordamento dos rios.
Duas pontes foram destruídas pelas chuvas, uma na ERS-448, entre Farroupilha e Nova Roma do Sul, e a outra na ERS-431, em Bento Gonçalves, no limite com São Valentim do Sul. Também houve queda de cabeceira da ponte sobre o Arroio Passo Novo, na RSC-377, em Cruz Alta.
O Governo do Rio Grande do Sul confirmou nesta quarta mais dez vítimas da enchente. Assim, o total de mortes em decorrência das chuvas que começaram na segunda (4) subiu para 31. Outra morte ocorreu em Santa Catarina.
As mortes confirmadas nesta quarta ocorreram em Roca Sales, Lajeado e Estrela. As cidades pertencem ao Vale do Taquari, a região mais afetada pelas fortes chuvas. Com o volume das chuvas, o rio Taquari transbordou e atingiu imóveis e estradas.
As 31 mortes ocorreram nas cidades de Muçum (15), Roca Sales (7), Lajeado (2), Estrela (2), Ibiraiaras (2), Mato Castelhano (1), Passo Fundo (1) e Cruzeiro do Sul (1). Inicialmente, o governador havia dito que seriam oito mortes em Roca Sales, mas a informação foi revisada depois pelas autoridades.
A maior preocupação da Defesa Civil é com a situação dos municípios de Roca Sales e Muçum. Conforme as autoridades, o acesso ao primeiro só é possível por estradas vicinais. Relatos do local dizem que o cenário é de devastação, com 80% da cidade destruída e pessoas em estado de choque.
Muçum está totalmente inacessível por terra. Os dois municípios estão sem fornecimento de água e luz e há dificuldade em se comunicar por telefone ou internet.
Conforme a Defesa Civil de Lajeado, 22 corpos aguardam em um caminhão frigorífico no Parque do Imigrante para serem levados até Porto Alegre pelo Instituto-Geral de Perícias. A maior parte deles vindos de Muçum.
Mais três aeronaves devem reforçar o trabalho de resgate de moradores nas regiões mais afetadas. De acordo com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, estão sendo aguardadas aeronaves dos governos de Santa Catarina e do Paraná e também do Exército.
Na manhã desta quarta, seis aeronaves já operam nos resgates, incluindo uma da Aeronáutica e outra da Marinha. Também há aeronaves do Corpo de Bombeiros, da Brigada Militar, da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal.
O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina informou que mais de 20 bombeiros militares seguem para o estado vizinho, com helicóptero, seis viaturas 4×4 e um caminhão de abastecimento.
O Governo do Paraná também vai mandar uma equipe do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas. Serão dois policiais militares e dois bombeiros militares. A equipe deve chegar às 17h em Lajeado (RS).
No início da noite de terça, o governador do Rio Grande do Sul havia pedido ao governo federal que mais aeronaves pudessem atuar no resgate dos moradores. “A noite chegou, a temperatura caiu e há pessoas aguardando por socorro ao ar livre”, escreveu ele, em uma rede social.
Com as casas invadidas pela água, o resgate tem sido feito pelo telhado. Os moradores resgatados estão sendo levados para abrigos organizados pelos municípios.
CATARINA SCORTECCI E CAUE FONSECA / Folhapress