SOROCABA, SP (FOLHAPRESS) – O BC (Banco Central) anunciou na última segunda-feira (4) uma série de medidas que visam ampliar o alcance do Pix, dentre elas a opção de parcelamento. A novidade começaria a valer a partir do segundo trimestre de 2024, mas alguns bancos -tradicionais e online- se anteciparam e começaram a oferecer o “Pix parcelado”.
O modelo é semelhante a um parcelamento com juros no cartão de crédito, podendo ser vinculado ao limite do próprio cartão ou estar relacionado a um tipo de empréstimo que o banco oferece, sujeito à análise de crédito.
A novidade funciona da seguinte forma: o cliente precisa ter uma linha de crédito pré-aprovada junto à instituição financeira. O valor do Pix é descontado em parcelas na conta do usuário e é recebido instantaneamente na conta do destinatário informado por ele.
O nome da nova operação ainda não está definido, podendo ser, além de Pix parcelado, “Pix garantido” ou “Pix crédito”. O parcelamento pode ser em até 24 vezes, com juros que variam de banco para banco.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirma que está acompanhando atentamente o desenvolvimento e o avanço das novas funcionalidades do Pix. Segundo a instituição, no entanto, o parcelamento ainda não entrou na lista de regulação pelo BC. “A oferta de produtos e estratégias de negócios é de responsabilidade integral de cada banco”, diz nota da federação.
O advogado especialista em direito bancário Alexandre Ricco considera que essa nova modalidade atende de forma prática e dinâmica a cultura existente hoje. “As relações comerciais e contratuais são um verdadeiro organismo vivo na nossa sociedade; as formas de pagamento evoluem e se modificam para melhor atender as necessidades dos usuários”, diz.
Contudo, Ricco alerta que é preciso cuidado ao aderir à linha de crédito, para que ela não sirva como uma nova maneira de endividamento do brasileiro. “O usuário precisa estar atento às condições contratuais que são ofertadas pelas instituições financeiras, como o número de parcelas e os juros. Uma conscientização no âmbito da educação financeira para que os usuários tomem o cuidado de não se prenderem a novas dívidas é fundamental”, afirma.
Até julho, a Serasa registrou 71,41 milhões de inadimplentes. O valor médio das dívidas é de R$ 4.000.
Saiba quais bancos oferecem o Pix parcelado
O Banco do Brasil foi um dos primeiros a oferecer o Pix parcelado por meio do “BB Parcela Pix”, em dezembro de 2022, que possibilita ao cliente parcelar o valor da transferência por meio de empréstimo pessoal, no próprio ambiente do Pix.
Os clientes com crédito disponível podem optar pelo Pix parcelado a partir de R$ 100. Ao selecionar o dinheiro, o consumidor tem uma alternativa de empréstimo. As condições disponíveis e as taxas são definidas conforme o valor emprestado. Há ainda a incidência de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre o valor do crédito a ser financiado.
Basta escolher a quantidade de parcelas e confirmar a contratação do crédito e do Pix na mesma transação no celular.
O banco Pan também oferece opções de Pix parcelado aos clientes que possuem valores de empréstimos pré-aprovados. O produto pode ser contratado em transações a partir de R$ 100, com possibilidade de pagamento em até 24 parcelas.
Porém, a instituição destaca que o limite e o prazo do parcelado dependem de análise crédito. “[A análise] É feita em tempo real, e leva em consideração diversos fatores, como a renda e o histórico de crédito do solicitante, bem como as condições do produto vigentes durante a contratação”, diz o banco.
Veja como contratar:
– Para contratar o produto, basta acessar o aplicativo do Banco Pan
– Entrar na opção “Pix”
– Em seguida, vá em “Pagar parcelado”, ou iniciar uma transferência Pix por QR Code, ou ainda, kpor meio da opção “Copia e Cola”
– Após a confirmação, o cliente recebe, no próprio aplicativo, o comprovante de realização da transferência do crédito. As parcelas serão debitadas da conta do Pan mensalmente, já com o valor da taxa de juros aplicado.
O Itaú disponibiliza em seu aplicativo a opção de realizar uma transferência Pix e pagar depois. Para ter acesso a ela, o cliente deve acessar o aplicativo e, em seguida, escolher “Pague Parcelado” para realizar a transferência dos valores.
O cliente escolhe em quantas vezes deseja parcelar e a melhor data de pagamento. A oferta do parcelamento é mediante uma análise de crédito. A transferência é feita na hora e o pagamento da linha de crédito ocorre todo mês, na data escolhida, via débito em conta no valor da parcela.
As taxas praticadas dependem do número de parcelas e do perfil do cliente.
O banco Inter afirma que está implementando o Pix parcelado de forma gradual. “Os clientes elegíveis estão sendo comunicados aos poucos sobre a liberação do serviço. As condições de taxa de juros e o número de parcelas podem variar para cada cliente, que pode consultar todas as informações no Super App”, diz a instituição.
Caixa Econômica Federal, C6 Bank e PagBank ainda não oferecem o Pix Parcelado. O BMG não respondeu.
ATENÇÃO NAS TRANSAÇÕES
Ricco explica que o usuário tem que estar atento na hora de fazer uma transação por Pix, principalmente por se tratar de uma operação que é rápida e dinâmica. “Ter a certeza da operação a ser realizada; identificar corretamente o destinatário do pagamento; conferir todos os dados e verificar os encargos bancários que estarão atrelados a operação”, diz.
O especialista dá dicas de cuidados com golpes. “Cuidado com o acesso ao sistema bancário, com a integridade digital de seus smartphones e computadores para evitar acessos fraudulentos, evite links e anexos desconhecidos, assim como confira sempre todos os dados envolvendo a operação.”
Metade dos consumidores com nome sujo não consegue sair do negativo
Metade dos consumidores com nome sujo não consegue sair do cadastro negativo, aponta pesquisa Genial/Quaest. Segundo o levantamento, 56% dos brasileiros já foram incluídos nos cadastros de SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e Serasa, e 51% afirmaram que não limparam os nomes.
O instituto entrevistou presencialmente 2.029 pessoas com 16 anos ou mais de 10 a 14 de agosto, em levantamento com margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
LUCAS MONTEIRO / Folhapress