SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Eu estou onde preciso estar” e outros mantras de autoafirmação como esse estão na mente de Didi Wagner, 47, antes de entrar ao vivo na transmissão do The Town e de outros festivais cuja cobertura ela já ancorou na TV. Rosto carimbado de eventos musicais exibidos pelo Multishow, a apresentadora tem todo um ritual antes de entrar no ar. Não é só sentar na cadeira alta e olhar para o teleprompter.
Na tarde da última segunda-feira (4), com a voz ainda cansada, Didi conversou com a reportagem por telefone para falar sobre a primeira edição do festival paulistano de Roberto Medina e sobre a correria por trás das mais de 10 horas por dia que ficou ao vivo no último fim de semana. “São muitas horas, sim, mas estou feliz, porque entregamos uma boa transmissão, que foi bem desafiadora, com uma demanda de tecnologia absurda que a engenharia domina tão bem”, elogia ela.
Desde 2011, quando esteve à frente da transmissão do Rock in Rio, em uma conta rápida, são mais de 15 festivais que já contaram com os comentários de Didi. Além das frases positivas, a apresentadora faz exercícios de ioga focados em respiração ela faz aulas práticas duas vezes por semana para entrar confiante e serena no ar. “Estou no nível intermediário para avançado, e faço uns exercícios complicadinhos já. Sou meti-Didi-nha”, conta ela, entre risadas, fazendo trocadilho com o próprio nome.
Para o The Town, a preparação também incluiu três tardes de workshops com produtores e a equipe, a fim de se aprofundar nos detalhes de carreira das principais atrações, além de um encontro presencial, com direito a ensaio no Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, onde o festival está ocorrendo. Houve até simulação de entrevistas, para que ela e os repórteres postos diante dos palcos estivessem bem preparados.
Nessa preparação, vale conversar sobre tudo para estar pronto para qualquer tipo de situação. No primeiro fim de semana de The Town, por exemplo, o repórter Guilherme Guedes chamou a atenção das redes sociais por falar que houve uma “gritaria alta” durante a participação de Luísa Sonza no show de Demi Lovato. Nas redes sociais, Guedes dividiu opiniões: teve gente o criticando, mas outros levando o comentário com boas risadas.
“Eu me solidarizo com ele, porque dar um tom pessoal que não foi crítica, era apenas uma análise. O volume do palco Skyline estava realmente alto. Ele não criticou, e a gente não pode ser só elogioso o tempo todo, se não fica uma apresentação muito isenta. É uma opinião subjetiva”, defende Didi.
Nesses anos todos de transmissões, a também apresentadora do Lugar Incomum, programa de viagens do Multishow que passa por um hiato e deve retornar em 2024, coleciona alguns causos. Um dos mais marcantes para ela segue sendo, inclusive, um papo com Alok no Rock in Rio de 2022, segundos antes de ele entrar no palco. Enquanto Didi se mostrou apreensiva, o DJ exalava tranquilidade, mesmo com a contagem regressiva rolando no telão.
O momento inusitado, é claro, virou meme. “É o sonho de consumo de qualquer apresentador virar meme, joguei para o universo e aconteceu (risos)”, lembra ela, que enaltece até hoje uma versão em desenho do momento, produzida pela ilustradora Rafaella Tuma. “O que ganhou de todos foi a animação que ela fez.”
Já na vida pessoal, enquanto aquece a expectativa para o segundo final de semana de The Town, na espera dos Foo Fighters (“é impressionante a capacidade do Dave Grohl [vocalista] de regeneração diante das situações tristes da vida”), Didi está tranquila. Em junho, ela se separou do marido Fred Wagner, após 24 anos de casamento. “Está tudo bem, minhas filhas são companheiras e está tudo ótimo entre eu e o Fred. A gente só precisou desse tempo, não sei qual caminho as coisas vão tomar…”
JÚLIO BOLL / Folhapress