Grito dos Excluídos pede prisão de Bolsonaro, critica Tarcísio e pressiona Lula

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Movimentos sociais e partidos de esquerda saíram às ruas do país para o Grito dos Excluídos, realizado no 7 de Setembro para denunciar mazelas e reivindicar direitos. Em São Paulo, manifestantes pediram a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e criticaram o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Na concentração na avenida Paulista, participantes levaram cartazes com uma montagem de Bolsonaro atrás das grades e usaram os discursos para defender punição ao ex-mandatário, hoje inelegível, citando corrupção no caso do escândalo das joias e da conspiração golpista com ameaça às eleições.

O presidente Lula (PT) também foi citado em falas na praça da Sé, com cobranças para atender a demandas do campo progressista e cumprir promessas de campanha. No local, representantes de entidades sindicais também atacaram Tarcísio pela política de privatizações.

O 29º Grito dos Excluídos —que começou em 1995 por iniciativa de alas da Igreja Católica e de movimentos populares— tinha atos previstos em 26 estados, segundo a organização. O tema oficial da 29ª edição é “Vida em primeiro lugar”, com o lema “Você tem fome e sede de quê?”.

Racismo, letalidade policial, desemprego, desigualdade social, aumento da população de rua, violência contra a mulher e a população LGBTQIA+ e morosidade nos programas de habitação e reforma agrária foram outros problemas apontados nas mais de 80 mobilizações agendadas pelo Brasil.

A pauta da prisão de Bolsonaro foi incentivada pela CMP (Central de Movimentos Populares), uma das entidades que puxaram os atos, e incorporada por outros grupos nas ruas. A CMP convocou a concentração na avenida Paulista, com passeada até a região do parque Ibirapuera.

O grupo saiu em caminhada empunhando bandeiras de partidos e movimentos, tocando instrumentos e entoando gritos de guerra ligados aos temas do protesto. Representantes da Marcha Mundial das Mulheres cantavam em coro uma rima que terminava com o apelo por “Bolsonaro na cadeia”.

Representantes de MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), CUT (Central Única dos Trabalhadores), UNE (União Nacional dos Estudantes) e FLM (Frente de Luta por Moradia), entre outras organizações, participaram das atividades.

Na praça da Sé, local com alta concentração de população em situação de rua, foi oferecido café da manhã para pessoas sem moradia. Nas falas, militantes repudiaram ações de Tarcísio como o plano de privatização da Sabesp e a concessão dos serviços de trem e metrô para a iniciativa privada.

O governador foi associado a Bolsonaro, seu padrinho político. Membros de partidos como PT, PSOL, PCB e UP se manifestaram contra Tarcísio, falando em combate ao neoliberalismo e ao fascismo e identificando o bolsonarismo como risco à democracia e ao Estado democrático de Direito.

Lula também foi alvo de recados, com o de que seu governo está aquém do esperado no avanço de pautas da esquerda e faz concessões em excesso a forças oposicionistas.

Uma faixa pregada no caminhão de som exibia contrariedade com o arcabouço fiscal aprovado pelo governo do PT, e com a tese do marco temporal para as terras indígenas, que coloca em risco a posse. Houve pedidos de revogação da reforma trabalhista e apelos pela queda da taxa de juros.

Gritos de “cadeia para Bolsonaro” e “nada de anistia” eram ouvidos na praça.

O ato na Sé também teve declarações de solidariedade ao padre Julio Lancellotti, que lidera um trabalho de ajuda à população de rua e é constante alvo de ameaças —na mais recente, há alguns dias, ele recebeu um bilhete chamando-o de defensor de bandidos e dizendo que seus dias de reinado irão acabar.

JOELMIR TAVARES / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS