BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um dia depois de entrar como peça na reforma ministerial para acomodar o centrão no governo Lula (PT), o ministro Márcio França (PSB) disse que o presidente mencionou o seu “perfil coringa” para indicá-lo para uma nova pasta e negou ter ficado chateado com a mudança.
À Folha de S.Paulo, após o desfile de 7 de Setembro, ele também disse que sua postagem nas redes sociais sobre o tema não foi uma crítica, mas um chamado ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à responsabilidade por ser agora da base do governo Lula.
França deixou a pasta de Portos e Aeroportos, cedida ao deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), para chefiar o novo Ministério das Micro e Pequenas Empresas.
“Como ele [Lula] mesmo falou: ‘você tem um perfil coringa, que a gente pode usar em várias posições'”, afirmou o ministro sobre a conversa que teve com o chefe do Executivo, acrescentando que disse aceitar qualquer posto na atual gestão. “De nossa parte, o que importa é que o governo seja coeso.”
A negociação foi precedida de irritação no PSB do vice-presidente Geraldo Alckmin. O partido se sentia desprestigiado com a troca para abrigar partidos rivais de Lula na eleição de 2022.
Nas redes sociais, na quarta-feira (6), França disse que Lula trazia o governador de São Paulo e o Republicanos para apoiar o governo. Tarcísio é aliado e ex-ministro de Bolsonaro, principal rival do petista, e a mensagem do ministro foi interpretada por aliados como uma ironia.
“Saber que agora ele vai apoiar o Lula, isso acho muito importante. Porque o governo de São Paulo é muito poderoso, é uma base importante. Quando teve a Reforma Tributária, ele já tinha ajudado a gente na soma de votos. Agora, espero que ele ajude mais ainda”, disse.
“Ironia não. Estou chamando o Tarcísio para a responsabilidade porque agora o partido dele é da base do governo do Lula, então, gostaria muito que ele ajudasse a gente nas nossas tarefas do governo federal”, acrescentou.
Durante o desfile de 7 de Setembro, França não saiu do lugar na tribuna das autoridades e ficou isolado, enquanto ministros e demais membros se aproximaram de Lula em diferentes momentos.
JULIA CHAIB E JOÃO GABRIEL / Folhapress