SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A gestão Ricardo Nunes (MDB) publicou na semana passada um edital de licitação para reformar o elevado Presidente João Goulart. O Minhocão, como é conhecido, liga o centro à zona oeste paulistana.
A reforma prevê a recuperação de estruturas de concreto, tratamento de fissuras e outras ações de recuperação do viaduto, que tem 2,5 km de extensão e sete acessos para veículos. O custo total é estimado em R$ 60 milhões, que serão pagos com recursos do Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano).
Segundo a prefeitura, a ideia é retomar a integridade do viaduto e prolongar sua vida útil. Inaugurado em 1971, o Minhocão nunca passou por reforma dessa proporção, e a deterioração é visível em rachaduras e marcas de infiltrações.
Os problemas na estrutura do viaduto foram identificados em inspeção realizada pela SPObras (empresa pública municipal). Só o desenvolvimento do projeto de reforma custou R$ 1,1 milhão aos cofres da capital.
A abertura dos envelopes com propostas de empresas interessadas em assumir a reforma está marcada para o dia 20 deste mês. A vencedora da concorrência terá 18 meses para entrega da obra a partir da emissão da ordem de serviço ou seja, os reparos só devem ficar prontos em 2025.
Quando estiverem em andamento, as obras devem ter impacto no trânsito da região, com possibilidade de interdições, por exemplo, nas avenidas São João e General Olímpio da Silveira e na rua Amaral Gurgel.
Para atenuar os impactos nas vias da região, a prefeitura disse que os serviços serão programados preferencialmente para horários de menor tráfego, inclusive aos fins de semana, em planejamento conjunto com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Não há, por enquanto, definição de onde serão instalados os canteiros de obra. Mas, de acordo com a prefeitura, a área sob o viaduto deverá estar desocupada “por questões de segurança”.
Atualmente, a parte de baixo do Minhocão é ocupada de ponta a ponta por pessoas sem-teto, que usam a estrutura de concreto armado como abrigo do sol e da chuva. Questionada, a administração municipal disse que o plano para desocupação da área embaixo do viaduto será “cuidadosamente definido pelos órgãos competentes envolvidos”.
A reforma também pode implicar alterações nas atividades oferecidas no elevado aos fins de semana, quando a pista fica liberada para uso de pedestres e ciclistas. Escadas utilizadas como acesso por pedestres poderão ser temporariamente remanejados caso seja necessário.
Segundo a gestão Nunes (MDB), a ação faz parte de um programa de reforma e manutenção de pontes e viadutos que terá investimento total de R$ 1,64 bilhão. As obras com maior custo são as reformas, já em andamento, das pontes das Bandeiras (R$ 79,7 milhões), na região do Bom Retiro, e Engenheiro Roberto Zuccolo (R$ 72,9 milhões), na região da Vila Leopoldina.
O atual Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo prevê a desativação completa do elevado João Goulart enquanto via de tráfego até 2029, e define que sua estrutura deve ser demolida ou transformada em parque.
Em fevereiro de 2018, uma lei municipal criou o parque Minhocão e estabeleceu que a prefeitura deveria apresentar um projeto de intervenção urbana em 720 dias, mas o plano não avançou desde dezembro de 2021.
Em consulta pública realizada em 2019 sobre o futuro do elevado, 47% dos participantes se posicionaram a favor do desmonte da estrutura, 39% defenderam a manutenção de sua função original e 14% foram favoráveis à implantação de um parque.
De acordo com a prefeitura, 97 mil veículos circulam diariamente pelo viaduto, que passa por bairros como Santa Cecília, Campos Elíseos e Vila Buarque.
A Secretaria de Mobilidade e Trânsito estuda a possibilidade de se construir um túnel com traçado paralelo ao elevado, permitindo assim a sua desativação.
Desde que foi inaugurado, o Minhocão é alvo de polêmica. Em 1976, a estrutura passou a ser fechada de 0h à 5h, para diminuir os acidentes e incômodo à vizinhança. Hoje, a circulação de veículos é permitida entre 7h e 20h, de segunda a sexta-feira.
LEONARDO ZVARICK / Folhapress