Marina Sena chora e chama Gal Costa de maior cantora do mundo no The Town

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Marina Sena reverenciou o legado de Gal Costa, morta em novembro do ano passado, no começo da tarde do último dia da primeira edição do The Town. O festival paulista chega ao fim neste domingo (10), tendo Bruno Mars como atração principal.

A plateia ainda estava ocupando os espaços no palco The One quando Sena cantou a capella um trecho de “Fruta Gogóia”. O público foi crescendo ao decorrer do show, que teve tanto canções mais recentes, como “Quando Você Olha Pra Ela”, quanto sucessos como “Mamãe Coragem” e “Dê Um Rolê”.

A tarde de domingo no Autódromo de Interlagos, onde acontece o evento, dos mesmos criadores do Rock in Rio, teve forte calor. Ainda assim, o clima estava abafado, e o céu, na zona sul de São Paulo, estava repleto de nuvens.

“Canto Gal Costa desde que nasci”, disse Sena, acompanhada da mãe, nos bastidores do palco. A tropicalista é a maior influência da cantora mineira, que chamou a homenageada de maior cantora do mundo e disse que ensaiar esse repertório foi como ter uma aula de canto.

Sena contou que cantava aos prantos a música “Mamãe Coragem” quando deixou a cidade de Taiobeiras, no interior mineiro, para tentar ser cantora em Montes Claros, também em Minas. Morando em São Paulo, ela tem dois discos bem-sucedidos em carreira solo.

A artista arrancou aplausos cantando de maneira afiada “Nada Mais”, versão em português de “Lately”, de Stevie Wonder, ao piano. Emendou “Flor de Maracujá” em “Vapor Barato”, em que se esgoelou fazendo jus à composição de Jards Macalé e Waly Salomão eternizada por Gal.

Com uma voz aguda e anasalada, Sena trafega numa frequência adequada à de Gal Costa. Nem por isso, ela incorporou clichês e trejeitos da tropicalista, numa homenagem com personalidade que não se resumiu à mera reprodução.

Visivelmente emocionada, Sena conquistou o público com seu jeito sincerão. Lembrou que ela e Gal, librianas, nasceram no mesmo dia, disse que estava chorando antes de entrar em cena, e que a cada música que cantava descia uma lágrima.

O show serviu também para expor a obra cantada por Gal a um público jovem que não era exatamente formado por fãs da baiana. Se não deixou a plateia em êxtase, evocou aplausos e gritos de quem estava no palco The One.

Ainda houve tempo para “Baby”, “Brasil”, “Como Dois e Dois”, “Lágrimas Negras” e “Divino Maravilhoso”. Em “Meu Nome é Gal”, reproduziu a apresentação da tropicalista no meio música contando sua própria história, e também fez o “duelo” de voz e guitarra marcante da baiana. Já perto do fim, a plateia gritou seu nome.

Especialmente, quando cantou acompanhada apenas por piano ou guitarra, caso de “Força Estranha”, Sena foi o centro das atenções. Foi um dos raros momentos no The Town em que a música se sobrepôs ao desinteresse usual do público do festival a tudo que não é hit de rádio –e às distrações de patrocinadores espalhadas pelo Autódromo.

LUCAS BRÊDA / Folhapress

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