SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Quebra tudo, banda!” Pabllo Vittar já havia despejado três sucessos no público do The Town quando anunciou o chamariz da sua apresentação. Atendendo a pedidos de longa data de fãs, muitos em tom de cobrança, a artista trouxe um conjunto de instrumentistas para um dos shows mais esperados do festival paulistano.
Pabllo subiu ao palco pontualmente às 17h10 com um bloco energético –“KO”, “Triste com T”, “Problema Seu” e “Buzina.” Acompanhada por oito músicos, com baixo, guitarra, teclado, percussão e o trio de metais, a cantora mostrou logo nesse princípio que os benefícios da nova formação superavam as desvantagens.
Isso porque, por sempre ter bebido de gêneros populares e eletrônicos do Brasil, Pabllo tinha como desafio transpor seus hits da sonoridade digital para a sonoridade acústico-elétrica. O resultado foi positivo. Até mesmo o andamento de algumas canções, mais vagaroso do que nas versões originais, foi aproveitado.
Em “A Lua”, que seguiu a entrada potente, Pabllo e banda mostraram que músicas mais doces davam mais espaço criativo, com camadas que geralmente não se ouvem nos shows da artista –caso das harmonias de sopro, teclado e vocais.
Essa levada também guiou a participação de Liniker. A cantora subiu ao palco para cantar “Disk Me” e “Baby 95”, em que ambas fizeram um registro mesclando samba e R&B.
A drag voltou a subir a energia do espetáculo na sequência, com “Amor de Que” e “Seu Crime.” A essa altura, era possível observar que a cantora com banda é também mais roqueira. O tecnomelody da banda paraense Ravely, “Ultra Som” tinha ares de punk rock feito para a pista.
A formação da artista com seu conjunto não privilegiou o último disco. Talvez porque fosse mais interessante jogar com os sucessos dos últimos anos ou porque “Noitada” tem forte inspiração da música eletrônica de pista, apenas duas faixas do álbum foram apresentadas, “Ameianoite” e “Descontrolada”.
Esta, um funk mandelão, não teve o mesmo brilho no arranjo com banda se comparada com sua versão original. Isso mesmo com a participação de Jup do Bairro, que fez uma breve entrada para cantar também “O Corre”, de sua autoria.
“Sua Cara”, sucesso de Pabllo junto de Anitta, também soou desequilibrada no arranjo ao vivo, com sopros abaixo da voz de Pabllo na original. Algo semelhante ocorreu em “Flash Pose”, parceria da brasileira com a britânica Charlie XCX que também tem vocação para balada.
O final com o gospel psytrance “Rajadão” foi tão apoteótico quanto simbólico. O clima de garoa no autódromo dava uma atmosfera pertinente para a canção, que fala de chuva, e Pabllo abusou do alcance vocal. Embora o arranjo com banda tenha reduzido a agressividade da versão original, a música encerrou um show aclamado pelo público.
FELIPE MAIA / Folhapress