Colégios se unem a startups para oferecer aulas com conteúdo tecnológico

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Escolas estão buscando o apoio de empresas de tecnologia para diversificar atividades curriculares. Em algumas, aulas de robótica acontecem com ferramentas distribuídas por startups. Em outras, o Google fornece softwares e aplicativos.

O Colégio Ser, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, é um dos que participam do programa Google Workspace for Education, que concede à instituição de ensino um conjunto de produtos da gigante da tecnologia.

A iniciativa é disponibilizada para escolas que cumpram requisitos estipulados pela empresa. A parceria começou em 2017 por meio de uma startup intermediária e, desde então, a escola tem salas com computadores do Google para alunos do ensino infantil ao ensino médio. Com eles, os estudantes acessam a internet e ferramentas da própria companhia, o que é frequentemente recomendado pelos professores.

“Em nossas reuniões, os docentes discutem sobre como e quando usar as ferramentas disponíveis”, afirma João Vitor de Oliveira, supervisor de tecnologia educacional do colégio, que tem 1.232 alunos.

Segundo ele, os professores pedem, por exemplo, para que os alunos criem sites educativos com o conteúdo que aprenderam. A ferramenta utilizada é o Google Sites. Há também o Matific, plataforma parceira da empresa, que oferece games matemáticos -as redes Salesiano, Batista de Educação e Fundação Bradesco também a usam.

Esses programas, segundo a escola, acrescentam em média R$ 500 em cada mensalidade, que varia de R$ 1.024 a R$ 1.714 conforme a série.

A 20 quilômetros dali, no Colégio Oemar, no bairro Bosque da Saúde, parte dos 600 alunos vai semanalmente ao laboratório de robótica apoiado pela Zoom Education for Life, edtech no mercado desde 1996. Há cinco anos, a instituição de ensino fechou parceria com a empresa e passou a receber livros didáticos e kits de Lego para robótica.

No espaço, os estudantes aprendem desde a fazer contas simples de matemática até a programar um robô.

“A gente programa o robô pelo computador para ele fazer a mineração sustentável. Quando não dá certo, a gente volta ao sistema e altera os passos dele”, conta Duda Campos, 11, que tentava levar a invenção ao destino final.

A mineração sustentável da qual ela fala é o objetivo da atividade. De acordo com o professor de robótica do colégio, Paulo Rodrigues, os exercícios propostos pela Zoom geralmente trazem situações-problema. Nessa atividade, a proposta era programar o robô para encostar em uma placa referente à mineração sustentável e não à mineração degradante, que estava ao lado.

“Cada aula tem uma atividade. Avalio os alunos por meio delas. A nossa intenção é que as crianças aprendam a trabalhar em grupo e desenvolvam a criatividade e a oratória, já que precisam apresentar uma solução”, diz Rodrigues.

O material da Zoom custa, segundo a diretora do colégio, cerca de R$ 350 por ano aos pais, valor semelhante ao do livro didático de matemática adotado pela escola. Além disso, o colégio precisa pagar à parte uma assessoria mensal oferecida pela edtech aos professores. As mensalidades no colégio variam de R$ 1.290 a R$ 1.832.

De acordo com Danilo Yoneshige, líder do comitê de educação da Abstartups (Associação Brasileira de Startups) e ex-professor de tecnologia do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, o principal desafio das edtechs hoje é gerar valor às escolas sem acréscimo nas mensalidades.

“No caso da robótica, a família teria que comprar o material de qualquer forma, mas, se colocarmos no livro da disciplina conteúdos complementares, como de história, a família não precisaria comprar o livro de história. Ou seja, o desafio é não gerar novo custo.”

De acordo com a Abstartups, o Brasil tinha 556 edtechs em 2020. No ano passado, eram 813 -22% foram fundadas após 2020 e 36% oferecem serviços que impactam diretamente o dia a dia dos alunos.

PEDRO LOVISI / Folhapress

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