Estadão Conteúdo
Na tentativa de frear o avanço do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, sobre o eleitorado evangélico, movimento atestado em pesquisas de intenção de voto, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o chefe do Executivo está “possuído pelo demônio”. “Se tem alguém que é possuído pelo demônio, é esse Bolsonaro”, afirmou Lula no ato inaugural de sua campanha, que aconteceu nesta terça-feira, 16, no pátio da Volkswagen em São Bernardo do Campo, seu berço político.
Ao “requentar” a estratégia eleitoral conservadora utilizada em 2018, quando o então candidato petista à Presidência, Fernando Haddad, foi atacado com a fakenews de que teria distribuído mamadeiras em formato de pênis enquanto ministro da Educação, bolsonaristas espalham entre evangélicos a teoria de que Lula, se eleito, vai fechar igrejas. No discurso desta terça, o ex-presidente da República desmentiu o que circula entre os religiosos.
“Ele Bolsonaro é um fariseu, está tentando manipular a boa fé de homens e mulheres evangélicos. Eles ficam contando mentira o tempo inteiro, sobre o Lula, sobre a mulher do Lula, sobre vocês, sobre índio, sobre quilombola. Não haverá mentira nem fake news que mantenha você governando esse país, Bolsonaro”, declarou Lula no ABC.
Com fortes críticas a Bolsonaro – como “ninguém do exterior quer receber ele”, declarou – Lula mais uma vez reclamou dos prazos apertados da lei eleitoral. “Eu tô candidato há algum tempo, mas só hoje eu pude acordar e falar para a Janjinha: Janjinha, vota em mim. Só hoje. Até ontem, eu não podia pedir”, disse o petista. A socióloga Janja é a esposa de Lula.
Bolsonaro em Juiz de Fora
No primeiro dia oficial da corrida pelo Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a chamar a eleição de “luta do bem contra o mal”. Durante encontro com lideranças religiosas em Juiz de Fora (MG), cidade na qual levou uma facada em 2018, o chefe do Executivo também criticou o que chamou de “fechamento de igrejas” na pandemia de covid-19, que exigia isolamento social para evitar o contágio.
“Agradeço a Deus pela minha segunda vida e entendo a missão de ser o chefe do Executivo desta Nação. Fácil não é. Se fosse, não teria dado para um de nós. O Brasil estava à beira do colapso, com problemas éticos, morais e econômicos e marchava, sim, a passos largos para o socialismo”, declarou Bolsonaro, acompanhado da primeira-dama Michelle e do ex-ministro Walter Braga Netto (PL), candidato a vice na chapa da reeleição.
Ao falar sobre a corrida eleitoral, Bolsonaro disse que há uma “batalha enorme” pela frente. “Nós sabemos da luta do bem contra o mal. Nós aqui sempre pregamos e defendemos a liberdade absoluta. Se uma pessoa se sentir ofendida, que vá à Justiça, mas não podemos criar leis, como a de fake news”, afirmou o presidente, em referência a um projeto no Congresso que prevê punições para a divulgação de informações falsas.
Bolsonaro também disse que igrejas foram fechadas durante a pandemia de covid-19. Aliados do chefe do Executivo têm espalhado nas redes sociais notícias inverídicas de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fecharia estabelecimentos religiosos se eleito para comandar o País. “Vocês sentiram um pouquinho de ditadura aqui durante a pandemia. Igrejas, por exemplo, sendo fechadas, pessoas sendo proibidas de trabalhar, alguns mandando prender até quem estava na praia”, disse.
O presidente ainda deve fazer um discurso no local “exato” onde sofreu o atentado a faca em 2018, na Rua Halfeld, na região central de Juiz de Fora. O comitê da reeleição quer passar a ideia de “renascimento” de Bolsonaro, tanto do ponto de vista religioso quanto nas pesquisas de intenção de voto. Levantamento do Ipec, divulgado ontem, mostrou o Lula em primeiro lugar, com 44%. Bolsonaro marcou 32%.
Ciro Gomes
O candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, utilizou o primeiro evento de campanha eleitoral para explicar seu projeto de renda mínima. Ontem ele pediu votos para população de Guaianases, na zona leste de São Paulo. Ciro conversou com apoiadores e visitou pequenos comércios. Ele prometeu que toda família com renda de até 417 reais vai receber uma complementação de até MIL REAIS. A verba viria dos orçamentos somados que atualmente custeiam transferências como Auxílio Brasil, BPC, vale-gás, seguro-desemprego e a cobrança de um imposto sobre grandes fortunas.
Simone Tebet
A candidata à Presidência da República pelo MDB, Simone Tebet, escolheu a capital paulista para dar a largada oficial de sua corrida ao Palácio do Planalto. Ontem, ela se reuniu com cerca de 40 representantes do setor da cultura, entre eles o executivo da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Marcelo Lopes; e o diretor de relações institucionais da Pinacoteca de São Paulo, Paulo Vicelli. Questionada sobre a agenda cultural abrindo sua campanha, Tebet disse que tem a ver com o fato de ser professora. Segundo a candidata, cultura e educação serão prioridade absoluta caso seja eleita.
Vera Lúcia: A candidata do PSTU à Presidência, Vera Lúcia, passou a terça-feira em São Paulo. A candidata disse que o início de sua campanha terá, como principais focos, fábricas, bairros da periferia, escolas, universidades, quilombolas e territórios indígenas.
Léo Pericles: O candidato Léo Péricles, do Unidade Popular, esteve em Contagem, Minas Gerais. Ele enfatizou o aumento do salário mínimo, a revisão das reformas trabalhista e da previdência e o congelamento dos preços de itens de primeira necessidade.
Felipe D’Ávila: Já Felipe D´Avila, do Partido Novo, esteve numa comunidade na zona oeste de São Paulo. Pesquisas mostram que 76% dos moradores das favelas tiveram ou pretendem ter um negócio próprio. D’Ávila afirmou que brasileiro não quer que o Estado seja empecilho.
Sofia Manzano: Sofia Manzano, do PCB, concedeu entrevistas e participou de um encontro na Universidade de São Paulo, onde debateu a crise brasileira e a luta pelo poder popular. Entre os temas, estiveram o agronegócio, o capital financeiro e a reforma administrativa.
Soraya Thronicke: A candidata Soraya Thronicke, do União Brasil, teve uma agenda voltada a entrevistas que já haviam sido agendadas. Ela também se reuniu com equipes de comunicação e de marketing para tratar da agenda de gravações do programa eleitoral e para fechar os palanques nos estados.
Roberto Jefferson: Roberto Jefferson, do PTB, que cumpre prisão domiciliar, está impedido de ir às ruas. Já Pablo Marçal, do Pros, cancelou agenda após o partido sinalizar na segunda-feira apoio à campanha de Lula. O candidato Constituinte Eymael, do Democrata Cristã, teve agenda interna na sede do partido, em São Paulo.