Falhas na linha 15 do monotrilho ocorrem por uso de material inadequado, diz relatório

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um parecer técnico do CAEx (Centro de Apoio Operacional à Execução), do Ministério Público de São Paulo, conclui que as quedas de pedaços de concreto da linha 15-prata do monotrilho ocorreram por uso de materiais inadequados na manutenção e o tempo limitado para esses serviços.

O problema se soma a erros no projeto e na construção da linha que causam falhas recorrentes, segundo o promotor Silvio Marques, que é responsável por uma investigação sobre o assunto. Marques pediu explicações ao Metrô sobre o desprendimento do pneu de uma composição nesta segunda-feira (11). O caso será incluído no mesmo inquérito.

A reportagem enviou email ao Metrô pedindo posicionamento no início da tarde, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.

Em setembro do ano passado, um bloco de concreto caiu da altura de 15 metros em um trecho da ciclovia da avenida Professor Luiz Ignacio Anhaia Mello, entre as estações Oratório e Parque São Lucas. Ninguém se feriu.

Outro caso ocorreu na manhã de 11 de janeiro, quando um pedaço de concreto em uma das vigas se destacou, entre as estações Vila Prudente e Oratório, causando a interrupção do trecho entre as estações Vila Prudente e Vila União.

Analistas do CAEx dizem que há problemas persistentes na linha 15-prata “como fissuras, infiltrações, superfícies mal-acabadas e geometria inadequada, que ocorrem nos reparos das vigas do monotrilho, bem como os desplacamentos e destacamentos [a queda de concreto] desses reparos”. Eles afirmam que isso está ocorrendo porque há problemas crônicos na maneira como os reparos têm sido feitos.

As conclusões são semelhantes às de outro parecer técnico do órgão, feito no fim de março. Neste novo parecer, concluído em 30 de agosto, o CAEx trouxe mais detalhes.

Em uma vistoria em setembro do ano passado, técnicos constataram a aplicação inadequada de um tipo de concreto usado para recuperar estruturas. Por causa disso, o material teve que ser retirado e, em seu lugar, aplicado outro tipo de concreto. Falhas no processo de remoção do primeiro produto podem ter provocado o desprendimento do bloco.

Além disso, o CAEx diz que um relatório do próprio consórcio que faz obras e manutenções na linha aponta a utilização de procedimentos e materiais inadequados. “Essa descoberta realça a importância da seleção adequada de materiais e da aderência rigorosa aos procedimentos recomendados. Erros nesse sentido podem comprometer não apenas o êxito da manutenção, mas também a durabilidade da estrutura”, diz o documento.

LINHA 15-PRATA TEM PROBLEMAS NO PROJETO, DIZ PROMOTOR

Marques disse que a investigação estava praticamente finalizada, mas foi retomada para incluir o caso do pneu que se soltou. Ele diz que falhas no projeto da linha causaram problemas, como o estouro de um pneu em outubro de 2021.

“Os trens não cabiam direito na linha permanente e por isso estourou aquele pneu”, disse o promotor.

Esse problema havia sido apontado em um relatório anterior produzido pelo Caex. Também foram apontados problemas na fabricação e montagem dos trens. Para Marques, o novo parecer mostra que a companhia estadual não resolveu problemas que vem sendo apontados pela Promotoria há meses.

“O parecer técnico mostra que supostamente o Metrô ainda não está determinando o uso do produto de junção das colunas [de concreto] correto. Há uma preocupação do setor técnico do Ministério Público com o uso desses produtos”, explicou.

TULIO KRUSE / Folhapress

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