Snoopy e os Peantus levam temas cabeludos ao Apple TV+ para além da infância

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Próximo a completar 73 anos, Snoopy não abre mão de seu posto nas infâncias. Forte em terras americanas como a Mônica é por aqui, o cão confiante também deixou sua marca na infância de muitos brasileiros.

Sempre acompanhado do atrapalhado Charlie Brown e do resto da turma dos Peanuts –ou Minduim, como chegaram a ser batizados aqui–, fez nova morada na Apple TV+ e já está em mais de 20 atrações baseadas no universo de Charles M. Schulz, com diferentes estilos de animação e públicos-alvo.

“Quando a Apple TV+ entrou em contato conosco com a proposta de abrigar os Peanuts e nós aceitamos, eles tinham acabado de estrear seu serviço de streaming, tinham ideias ótimas e eram conhecidos no mundo todo”, diz Craig Schulz, filho do cartunista e herdeiro do império construído em torno dos personagens.

“Nos velhos tempos, Snoopy seria lançado na televisão e ninguém em outro país poderia ver até sair um DVD. Agora, quando lançamos algo na plataforma, fica disponível em mais de cem países. Não poderíamos estar mais entusiasmados.”

Em agosto, a plataforma lançou seu mais novo especial em torno da turma, “A Inigualável Marcie”, atração voltada para o público infantil que fala sobre introversão. Na trama, Marcie prova que pode fazer a diferença do seu jeito, nos bastidores, combatendo a ideia de que seu jeito de ser seria um defeito limitante.

“Queríamos contar uma história que conversasse com a maioria das crianças, e provavelmente também dos adultos”, afirma Raymond S. Persi, diretor do filme. “Todos fazemos várias coisas nos bastidores pelas quais não somos reconhecidos, ninguém nos entrega prêmio algum. Só sentamos em nossas mesas e fazemos nosso trabalho. E isso é, de certa forma, o que Marcie representa.”

A produção do filme contou com um especialista em introversão, o psicólogo e cientista cognitivo Scott Barry Kaufman, formado pela universidade Yale. Kaufman buscou limar os equívocos sobre o tema. “Um erro comum é a ideia de que introversão é o mesmo que ansiedade social ou timidez. Isso não é verdade”, ele exemplifica.

Trazer temas difíceis como esse para a pauta das famílias está entre as missões de Craig. Especiais anteriores propuseram conversas sobre a preservação do meio ambiente (“São as Pequenas Coisas, Charlie Brown”), a importância dos professores (“A Escola da Lucy”) e as diferentes possibilidades de família (“Para Mamãe (E Papai) Com Amor”).

Certo pioneirismo nunca foi estranho às histórias da turminha. Em 1968, um período de forte tensão racial nos Estados Unidos, a tirinha ganhava seu primeiro personagem negro, Franklin.

Ele surgiu a partir de uma carta que Schulz recebeu em abril de 1968, pouco após o assassinato de Martin Luther King. Nela, a professora Harriet Glickman afirmava acreditar que as HQs poderiam colaborar para uma mudança. Ela acabou convencendo o quadrinista, que pouco tempo depois introduziu o novo personagem em suas histórias.

Franklin será o protagonista do próximo especial de Snoopy, “Welcome Home, Franklin”, ou bem-vindo ao lar, Franklin. Ainda sem data para estrear, o filme vai mostrar como o personagem conheceu Charlie Brown e seus amigos.

“Se você olhar para a trajetória dos Peanuts, as histórias são autênticas e sinceras nos assuntos”, afirma Craig. “E nunca são moralistas. Nunca dizem: ‘é desse jeito que se deve pensar, nisso que se deve acreditar’. Elas apresentam ideias, e o esperado é que essas ideias ajudem a gerar debates.”

A INIGUALÁVEL MARCIE

Onde: Disponível no Apple TV+

Preço: Raymond S. Persi

Classificação: Livre

Produção: EUA, 2023

DIOGO BACHEGA / Folhapress

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