SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Home office divide patrões e empregados, petróleo vira problema para BCs e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (20).
**O HOME OFFICE VAI ACABAR?**
O período pós-pandemia tem sido marcado por um cabo de guerra entre empresas e funcionários sobre o retorno do home office. Enquanto os patrões querem a volta ao presencial, os trabalhadores batem o pé para trabalhar de casa.
EM NÚMEROS
– 25% das vagas publicadas no Linkedin em fevereiro deste ano citavam a possibilidade de trabalhar de casa (home office ou híbrido) ano passado, eram 39%, segundo levantamento da rede.
– 85% dos profissionais que voltaram aos escritórios de forma integral trocariam de emprego caso pudessem trabalhar mais dias em casa, conforme pesquisa do Infojobs e Grupo Top RH.
O que explica o fim da crença do home office pelos empregadores, segundo especialistas:
– Queda de produtividade na empresa;
– Desconfiança sobre se a pessoa que está em casa está de fato trabalhando;
– Falta de adaptabilidade ao modelo remoto;
– Ideia de que o presencial estimula interações sociais e o aprendizado, especialmente entre quem está começando na empresa.
As políticas orientando o retorno aos escritórios aparecem inclusive entre as big techs, que já ofereciam um modelo mais flexível no pré-pandemia. Até o Zoom, cuja plataforma bombou justamente pelo home office, solicitou a volta ao presencial.
Convencer os trabalhadores, porém, não tem sido fácil. Na Meta, eles estão retornando só agora aos escritórios porque a dona de Facebook, WhatsApp e Instagram retomou os serviços de cabeleireiro e lavanderia, o happy hour às quintas e outras benefícios, mostra a Bloomberg.
Há solução? A aposta no modelo híbrido, com trabalho presencial em alguns dias na semana, parece estar se sobressaindo como um meio-termo que agrada patrões e empregados.
Outro fator que conta para essa dinâmica está na mesma pesquisa da Stanford: a produtividade no híbrido é igual se não melhor do que no presencial.
**PETRÓLEO NA MÁXIMA DO ANO**
Os preços do barril de petróleo chegaram a superar o patamar de US$ 95 (R$ 461) nesta terça, na máxima de 10 meses, antes de fecharem o dia em leve queda, a US$ 94,34 (R$ 458), com realização de lucros dos investidores.
O QUE EXPLICA
↳ Queda na oferta: Arábia Saudita e Rússia, membros da Opep+, renovaram neste mês os cortes de oferta de 1,3 milhão de barris por dia até ao final do ano. A produção de xisto nos EUA também está em baixa, no menor nível desde maio.
↳ Alta na demanda: apesar dos altos juros mundo afora, as economias não desaceleraram conforme o previsto, e a China voltou a reaquecer os motores de sua atividade nas últimas semanas.
POR QUE IMPORTA
A alta nos preços do petróleo acontece justamente em um momento de virada nas principais economias do mundo, com pausa na alta dos juros em meio ao esfriamento da inflação.
– Com a energia mais cara, porém, os bancos centrais devem pensar duas vezes antes de acelerar a queda dos juros.
– Nesta quarta, o assunto deve ser citado tanto pelo Banco Central quanto pelo Fed (BC americano) nos seus comunicados que acompanham a decisão de política monetária.
– O mercado espera por uma queda de 0,5 ponto aqui no Brasil e estabilidade nas taxas nos EUA.
**SHEIN VAI PAGAR ICMS DE COMPRAS**
A Shein disse nesta terça que irá pagar para os clientes a alíquota de 17% do ICMS que incide sobre as compras importadas de até US$ 50 (cerca de R$ 250).
A empresa foi autorizada na semana passada a participar do Remessa Conforme, programa do governo lançado em agosto para regulamentar as compras internacionais.
ENTENDA
As novas regras isentam do imposto de importação as compras feitas até US$ 50, mas não retira a cobrança do tributo estadual sobre esses itens.
Com a medida anunciada pela empresa, consumidores da Shein não pagarão impostos ao comprar produtos abaixo desse limite.
A companhia não informou até quando o subsídio irá durar.
O imposto é recolhido pelas plataformas no momento da compra. Além de Shein, AliExpress, Shopee, Amazon e Mercado Livre estão entre as grandes varejistas que pediram para entrar no Remessa Conforme.
Com as novas regras, surgiram nas redes sociais reclamações de produtos de pequenos preços que são taxados por um valor bem maior. É o caso de blocos de anotações com valor de R$ 3,15 que tiveram um imposto cobrado de R$ 31,45.
As razões para um tributo tão alto estão no frete do item (R$ 24,60), que também conta para a taxação da mercadoria, e no fato da loja que enviou o produto não estar registrada no Remessa Conforme.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
MERCADO
Mercado financeiro piora avaliação de Haddad e expectativa sobre economia, mostra Quaest. Política fiscal inadequada descontenta operadores da Bolsa.
MERCOSUL
Lula diz a premiê alemão que quer fechar acordo UE-Mercosul neste ano. Chefes de governo se reuniram nesta terça às margens da Assembleia-Geral da ONU.
EFORMA TRIBUTÁRIA
Zema quer aumento de ICMS para ração de pets, cerveja e celular e gera críticas. Palácio Tiradentes diz que recursos irão para assistência social; há dois meses foi sancionada pelo governador lei que anistiou dívida tributária de locadoras de veículos.
MERCADO
Dívidas com contas de água e luz atingem recorde, diz Serasa. Despesas atrasadas com bancos e cartões de crédito seguem no topo do ranking.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress