Brasil cai para 2º lugar em ranking de juros reais após corte na Selic

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil perdeu a liderança no ranking mundial de juros reais após a redução da taxa básica na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central desta quarta-feira (20).

O juro real no Brasil está em 6,4% ao ano, valor inferior ao do México (6,61%) e superior ao da Colômbia (5,1%), segundo ranking elaborado pelo Portal MoneYou.

Com a taxa Selic em 12,75% ao ano em termos nominais, o Brasil cai à segunda colocação no ranking, depois de ficar sete reuniões consecutivas, desde outubro de 2022, em primeiro lugar.

Segundo o portal, o movimento global de aperto monetário ganhou força. De 176 bancos centrais analisados, 59% mantiveram suas taxas básicas, 32% elevaram e apenas 9% cortaram, entre eles, o Brasil.

Os cálculos consideram o juro real “ex-ante”. Ou seja, a diferença entre a taxa de investimento no contrato DI (Depósito Interbancário) de um ano, descontada a inflação de 4,1% projetada para os 12 meses à frente -coletada na pesquisa Focus do BC, com cerca de cem economistas.

Em termos nominais, o Brasil está na sexta posição. Era o quarto colocado em agosto. As maiores taxas ao ano coletadas pelo portal são as da Argentina (118%), Turquia (25%), Hungria (14%), Colômbia (13,25%) e Rússia (13%).

Entre as grandes economias, os EUA estão com juro real de 1,77% ao ano, a China com 0,16%, e o Reino Unido com 1,31%. Nos países da zona do euro, a taxa real está próxima de 1,4% ao ano.

Apenas quatro países do levantamento ainda possuem juro real negativo: Polônia (-1,09%), Japão (-1,81%), Turquia (-4,79%) e Argentina (-25,79%).

GLOSSÁRIO

**Taxa básica de juros**

A taxa Selic é a referência para os demais juros da economia. Trata-se da taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia)

**Taxa real de juros**

Considera uma taxa nominal, a Selic, por exemplo, descontada a inflação

**Taxa real ex-ante**

Calculada olhando para a frente (taxa esperada), com base nas projeções para juros e inflação. É a mais relevante para a política monetária, pois influencia decisões futuras de investimento e consumo

**Taxa real ex-post**

Calculada olhando para trás (taxa verificada), com base nos juros e na inflação nos últimos 12 meses, por exemplo. Serve para avaliar um investimento já realizado

**Copom (Comitê de Política Monetária)**

Órgão do Banco Central, formado pelo seu presidente e diretores, que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia, a Selic

**IPCA**

Indicador medido pelo IBGE que serve como meta de inflação. A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional, órgão que tem a participação do BC, do ministro da Fazenda ou da Economia e de outros membros da equipe econômica.

EDUARDO CUCOLO / Folhapress

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