O cantor, compositor, instrumentista e ator carioca Paulo Ricardo completa 61 anos hoje! Entre os sucessos compostos por Paulo Ricardo, escolhemos contar a história de um grande hit: Olhar 43, composta em parceria com Luiz Schiavon, em 1985.
E, para homenagear o aniversariante do dia e seguir homenageando grandes compositores da nossa música popular brasileira – que são tão importantes e têm uma contribuição tão significativa quanto cantores, intérpretes e músicos – nós damos continuidade à série Saudando Grandes Compositores da MPB, em que contamos a história de grandes clássicos das carreiras desses artistas.
Paulo Ricardo
Nascido em 23 de setembro de 1962, a relação de Paulo Ricardo com a música começou cedo. Ele cantava muito na escola e, aos cinco anos de idade, foi levado por sua professora do jardim de infância para se apresentar no programa de televisão A Hora do Tio Vinícius, da TV Globo.
Em 1978, estudando Jornalismo na Universidade de São Paulo, montou sua primeira banda: Trilha Sonora. Pouco tempo depois, conheceu o tecladista Luiz Schiavon, com quem formou uma nova banda, chamada Aura.
A banda não teve grandes repercussões e – em 1982 – Paulo Ricardo foi morar um tempo Londres, onde escrevia uma coluna sobre música européia para a revista SomTrês e teve contato com as cenas tecnopop, new wave e o pós-punk, além dos expoentes do pop/rock britânico.
A banda RPM
Quando voltou para o Brasil, formou, em 1983 – junto com Luiz Schiavon e também com o guitarrista Fernando Deluqui – a banda RPM.
Paulo Ricardo assumiu os vocais e o baixo do grupo, e a bateria começou com Júnior Moreno, que – por ser menor de idade – foi substituído por Charles Gavin, que logo migrou para os Titãs, sendo substituído finalmente por Paulo Pagni, antes mesmo do primeiro disco ser lançado.
O RPM começou a se apresentar em várias casas noturnas paulistanas e chamou atenção das gravadoras. Fechou um contrato inédito para cinco álbuns com a CBS.
O primeiro disco, Revoluções por Minuto (que originou o nome da banda: RPM) – lançado em 1985, e que misturava canções sobre amor e relacionamentos com letras politizadas em um Brasil pós-ditadura – já trouxe os grandes hits:
- Olhar 43;
- Loura Gelada;
- A Cruz e a Espada;
- Rádio Pirata;
- e a faixa-título.
Todas são parcerias de Paulo e Schiavon. O disco vendeu quase um milhão de cópias.
A banda tornou-se um sucesso estrondoso e, em 1986, lançou o álbum Rádio Pirata ao Vivo, dirigido por Ney Matogrosso, que vendeu mais de 3,5 milhões de cópias por todo o país, sendo um dos discos mais vendidos da história da indústria fonográfica brasileira. Em 1988, lançaram o terceiro álbum, RPM (conhecido como Quatro Coiotes), pouco antes de encerrarem as atividades da banda.
A carreira solo
Com o fim do RPM, Paulo Ricardo seguiu uma carreira solo de sucesso. O primeiro trabalho foi produzido e arranjado por ele, juntamente com Fernando Deluqui e Guilherme Canaes. Lançado em 1989 e intitulado Paulo Ricardo, trazia os hits:
- A Um Passo da Eternidade;
- e A Fina Poeira do Ar, com participação de Rita Lee.
Desde então, Paulo já lançou mais de 10 discos, entre eles o Rock Popular Brasileiro, onde fez uma releitura de vários clássicos do rock e do pop nacional, com a participação de Renato Russo em A Cruz e a Espada, que se tornou um grande hit, 10 anos após seu lançamento com o RPM.
A partir daí, a carreira de Paulo Ricardo começou a trilhar um caminho entre o rock’n roll e o pop-romântico, mostrando a influência que Roberto Carlos sempre teve em sua formação, tendo gravado inclusive um disco com canções que foram sucesso na voz Rei, em 1999: Amor de Verdade.
Em 2002, a DreamWorks convidou Paulo Ricardo para fazer a trilha sonora da versão brasileira do filme Spirit: O Corcel Indomável, que teve a versão original em inglês gravada pelo cantor Bryan Adams. Com este trabalho, o artista recebeu um prêmio por melhor performance vocal internacional.
No mesmo ano, em uma reunião do RPM para o disco MTV RPM Ao Vivo, Paulo gravou com a banda o single Vida Real (uma versão sua para a canção Leef, de P. Post, R. Voerman e H. Kooreneef) que virou tema de abertura do reality show Big Brother Brasil. A música se mantém como tema do programa até os dias de hoje, ganhando diversas regravações ao longo do tempo.
Mais sucessos de Paulo Ricardo
Em 2004, acompanhado da banda PR.5, Paulo Ricardo lançou o álbum Zum Zum e, em 2005, o seu álbum Prisma apresentou canções inéditas de sua autoria e de vários parceiros, marcando a volta da parceria com Luiz Schiavon, na canção O dia D, a Hora H. O trabalho foi indicado em 2007 ao prêmio Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum Pop Contemporâneo.
Em 2011, uma nova reunião do RPM originou o disco Elektra, também indicado ao Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum de Rock Brasileiro.
Em 2016, Paulo Ricardo lançou um disco que levou o título de Novo Álbum. Em 2020, lançou o especial Toquinho e Paulo Ricardo Cantam Vinicius, que homenageou a obra do poeta Vinicius de Moraes. Em 2022, foi a vez do ao vivo Sex on The Beach e, agora em 2023, do acústico Voz, Violão & Rock and Roll.
Outros grandes sucessos de Paulo Ricardo são as canções:
- Dois e Como se Fosse a Primeira Vez (parceria com Michael Sullivan);
- Tudo por Nada (versão dele para a canção My Heart Can’t Tell You No, de S. Climie e D. Morgan);
- e Ninfa (parceria com Paulo Pagni).
A história da música “Olhar 43”, de Paulo Ricardo e Luiz Schiavon (1985)
“Olhar 43” entrou para o primeiro álbum da banda RPM, Revoluções por Minuto, lançado em 1985. A música foi composta por Paulo Ricardo em parceria com Luiz Schiavon.
Sobre a história da música, Paulo conta:
“Quando eu era garoto, eu assistia muita televisão e adorava assistir um programa chamado Balança Mas Não Cai, que tinha uma dupla de conquistadores baratos que ia pra cima da mulherada e falavam um número.”.
Esse programa contava com um comediante chamado Tutuca, que usava números para batizar os diferentes tipos de olhar que ele utilizava para flertar com as mulheres.
Paulo Ricardo ainda conta que, na infância, era um garoto muito introvertido e que não conseguia chegar em nenhuma garota:
“Eu sou tímido desde que eu não esteja no palco”.
Além disso, ele era míope e usava óculos a partir dos nove anos e depois lente de contatos aos 15, quando pôde enxergar o mundo como realmente era.
A gíria “Olhar 43” surgiu então pela dupla de compositores para descrever o modo como uma pessoa tímida tenta seduzir a outra, olhando fixamente para ela, geralmente com os olhos semicerrados, para dizer com o olhar, tudo o que gostaria e não consegue:
“E pra você eu deixo apenas / Meu olhar 4 / Aquele assim meio de lado / Já saindo / Indo embora, louco por você”.
Desde então, o “Olhar 43” virou sinônimo de charme, uma atitude típica das pessoas que tentam seduzir ou sensualizar de modo discreto.
“Um detalhe engraçado dessa música é que ela não tem refrão, que normalmente é o que explode primeiro.”, analisa Paulo Ricardo.
Gostou de saber mais sobre as histórias de grandes canções da nossa música popular brasileira? Continue acompanhando a nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB. Hoje, homenageamos o aniversariante Paulo Ricardo.