SANTOS, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Santos teve um déficit de R$ 10,2 milhões no segundo trimestre deste ano. Os valores foram levantados pelo Conselho Fiscal e serão apresentados em reunião do Conselho Deliberativo nesta terça-feira (26), na Vila Belmiro.
O balancete do segundo trimestre apresenta um déficit de R$ 10.256.212, contra um orçamento que previa déficit de R$ 6.370.546: uma diferença nominal negativa de R$ 3.885.666 milhões.
As vendas de Ângelo e Deivid Washington ao Chelsea (Inglaterra), em um total de cerca de R$ 157 milhões, não foram contabilizadas e devem aparecer no relatório do terceiro trimestre.
A principal justificativa para o déficit do segundo trimestre é o desempenho ruim nas competições. O Santos previu o segundo lugar no Campeonato Paulista, mas foi o 11º lugar, imaginou as quartas de final da Copa do Brasil e caiu nas oitavas e estimou as quartas da Sul-Americana, porém, foi eliminado na fase de grupos. A diferença em dinheiro é de aproximadamente R$ 15 milhões.
NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS
O Conselho Fiscal apontou que houve aumento de 2,84% na média trimestral do número de funcionários em relação aos três primeiros meses de 2023.
“Assunto este que merece atenção por parte do Comitê de Gestão, uma vez que a gestão em seu início tinha o objetivo de reduzir e racionalizar o quadro de funcionários. Mas o que detectamos foi um pequeno aumento, quase uma estagnação em comparação as administrações anteriores”, disse o CF.
A folha salarial, com encargos, teve aumento de 7,71% e chegou a R$ 9 milhões em junho.
FUNDING
O Santos captou R$ 61,6 milhões até junho de 2023 via funding junto ao Banco Safra. Do total, R$ 6,8 milhões foram captados apenas no segundo trimestre e destinados ao pagamento de salários.
O funding é um mecanismo financeiro em que santistas investem no Banco Safra, que repassa ao Santos sob juros menores em relação aos praticados no mercado. O CF afirma que as parcelas estão sendo quitadas.
DÍVIDA COM O PRESIDENTE
Andres Rueda, ainda candidato na eleição do Santos, emprestou dinheiro para o pagamento ao Hamburgo pelo calote do zagueiro Cleber Reis na gestão de Modesto Roma.
Essa dívida chegou a R$ 23,8 milhões no segundo trimestre e é mensalmente atualziado pela taxa SELIC e tem juros de 1% ao mês, além de 5% de multa.
Rueda, ao Conselho Fiscal, apontou que pagará parte desse débito a si mesmo ainda neste ano. A prioridade foi pagar dívidas mais urgentes.
CONCLUSÃO
O Conselho Fiscal, formado pelo presidente José Eduardo de Abreu Lopes, o relator Bruno Peres Lopes e Carlos Henrique da Fonseca, Fernando José Lima de Moraes e Paulo Rodrigo Nunes Brasil, fez uma longa avaliação das contas da gestão Rueda.
O CF admitiu o “rígido controle para o pagamento de contas correntes e honras dívidas antigas”, mas alertou para a falta de receitas: “A gestão recorreu ao uso do funding e a antecipação de recebíveis. É uma conta que não fecha, gastamos mais do que arrecadamos”.
“O clube ganhou uma ação antiga movida contra o Fisco Nacional, na ordem de R$ 44 milhões, que reduziu o impacto da homologação jurídica do Regime Centralizado de Execuções que atualizou o total da dívida com os credores”.
Por fim, o Conselho Fiscal apontou a importância de ter melhores resultados desportivos:
“A falta de sucesso em nossa atividade fim, o futebol, resulta em nossa retração no cenário nacional. Enquanto não tratarmos gasto com futebol como investimento, vamos nos retrair de forma sistêmica, fazendo com que cada vez mais a visibilidade no cenário futebolístico nacional e internacional se reduza e caiam nossas receitas”.
LUCAS MUSETTI PERAZOLLI E GABRIELA BRINO / Folhapress